18.4.11

Confusão

Por João Paulo Guerra

PORTUGAL, através do Dr. Miguel Relvas, acaba de dar um novo e notável contributo para a teoria e a práxis da democracia política. Sendo os partidos parte de um mesmo todo, o todo-poderoso e saboroso bolo do poder, o Dr. Relvas, secretário-geral do PSD, adiantou-se na sugestão da liderança que gostaria de ver… no PS. Ora isto constitui um assinalável progresso no conceito de democracia representativa - precisamente a que é representada por partidos políticos que representam uns poucos por cento da sociedade, ou seja, cada vez mais quase nada.

A inovação tem tanta mais originalidade quanto parte de um partido que tem manifestado alguma inconstância e dificuldade em acertar nos próprios líderes, cujos já vão em dezanove, fora os ameaços. Quer isto dizer que o PSD tem mudado de líder à razão de um de menos de dois em dois anos, e se Cavaco Silva subiu a média, Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Meneres Pimentel, Mota Pinto, Rui Machete, Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes, Marques Mendes e Luís Filipe Menezes puxaram a média bem para baixo. Pois não contente em mudar de líder como qualquer novo-rico muda de automóvel, o PSD do Dr. Miguel Relvas aspira a mudar a seu gosto a liderança do PS.

Claro que esta prática teria menos virtudes que defeitos em sede de estabilidade política. O Dr. Relvas preferia um PS liderado por António Costa, Francisco Assis ou António José Seguro. A questão seguinte seria saber quem preferia qualquer destes putativos líderes do PS para a liderança do PSD. E como é que a liderança PP do CDS - tripeça do sistema político vigente - entraria nesta contradança?

O contributo do Dr. Relvas para a história da democracia pode vir a mostrar-se desnecessário. Para confusão, basta a que há.

«DE» de 18 Abril 11

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1 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

Faltou na lista a Sra. Leite, e também o PP Coelho, se ele escorregar nas eleições, virá logo alguém do Porto tomar-lhe o lugar: que era o que sucederia se ele aprovasse o PEC IV (que também convinha ao PS que fosse chumbado devido ao real valor do défice: enfim política, enquanto o povo não tomar o destino nas suas mãos, será assim, e em 2014 encontramo-nos todos na sopa dos pobres, se houver).

20 de abril de 2011 às 04:31  

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