16.4.11

E se Cavaco apelasse aos seus?

Por Ferreira Fernandes

DEPOIS de longo silêncio, ouviu-se o Presidente Cavaco Silva apelar à "responsabilidade" dos partidos e "unidade" nas negociações com o FMI.
A situação é tão grave que se justifica que o próximo governo seja o mais largo possível. O ex-ministro Mira Amaral diz que é importante que os três partidos PS, PSD e CDS "se entendam sobre um programa de ajustamento." Já tivemos várias coligações mas nunca nenhuma tão larga - e, no entanto, a proposta não só não surpreendeu como é uma das hipóteses fortes para o pós-5 de Junho.
Pois bem, sendo essa necessidade de unidade tão grande, e tendo Cavaco Silva entendido assim, há notícias que não se percebem. Por que razão há importantes cavaquistas que não aceitaram pertencer às listas eleitorais do seu partido? Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, António Capucho... O que é importante para o todo, a unidade e responsabilidade, não é importante para as partes? A resposta aceitável para eles não participarem seria a legítima decisão da actual direcção do partido prescindir deles. Mas não foi isso que aconteceu, eles próprios fizeram questão em tornar público que não queriam.
Não deveria Cavaco ter exercido, já nem peço o difícil e enorme magistério de influência sobre a Nação e as instituições, mas uma simples pressão sobre os seus amigos políticos?
A pergunta bebe nesta preocupação: uma coligação PS-PSD-CDS não pode ter o Presidente de fora. Ou pode?
«DN» de 16 Abr 11

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