O fim do Mundo
Por Antunes Ferreira
PARA A PRÓXIMA semana não há crónica; nem para ela, nem nunca mais. O fim do Mundo é hoje, sábado, mas quando escrevia estas linhas ainda não sabia bem a que horas mas, sei lá, é bem possível que já não me leiam. Nestes trotes, nada é impossível e a sabedoria popular é elucidativa: o futuro a Deus pertence.
Porém, para alguns, o fim do Mundo já acontecera, certamente por antecipação. Há, realmente, gente muito apressada, inclusive nestes momentos terminais. Um exemplo: para o Senhor Dominique Strauss-Kahn a Negra já o visitara. E juro que não é um trocadilho. Sem foice, mas com uma caução de um milhão de dólares. Era o patrão do FMI, entidade habituada a conceder empréstimos multi-milionários; já não é e não se sabe se terá pedido emprestado uns tostões para sair da cela em que o tinham metido.
Há mais. O fim do mundo, segundo Lars Von Trier, acontece quando um planeta chamado «Melancholia» colide com a Terra e acaba com a vida no único local do universo onde ela existe. O realizador tinha apresentado o seu filme no Festival de Cannes, na expectativa de ganhar a Palma de Ouro. Mas, o homem põe e…
Os dinamarqueses - diz-se que são truculentos. No mínimo. Não sei o que diria o Senhor Hans Christian Andersen a este propósito, mas sabe-se o que disse o Senhor Von Trier na Côte d’Azur, durante uma conferência de imprensa para apresentação do seu filme. Afirmações pseudo-políticas que levaram a que a Direcção do certame o declarasse persona non grata e o expulsasse.
Vamos aos factos. Questionado por uma jornalista quanto à sua ascendência alemã, o cineasta explicou que «achava que era judeu e era muito feliz por isso». Mas que, depois, descobrira que «na verdade era nazi». E não contente com isso, ainda proferiu algumas palavras de simpatia a respeito de Hitler «É claro que ele fez algumas coisas erradas mas eu consigo imaginá-lo no fim, sentado no seu bunker... Eu simpatizo com ele, um bocadinho, mas simpatizo».
Na tarde desse dia, ou seja, de quarta-feira, o fulano, face às reacções que lhe foram chegando e sabendo que as suas afirmações tinham naturalmente gerado uma enorme polémica, veio pedir desculpa pelo sucedido justificando-as com uma brincadeira causada por quem?, digam lá… pelos jornalistas que o tinham provocado com perguntas acintosas.
Num email enviado à France Presse o cidadão escreveu: «Se eu ofendi alguém esta manhã com as palavras que disse em conferência de imprensa, peço desculpas sinceras», acrescentando ainda: «Não sou anti-semita ou racista de qualquer maneira, e muito menos nazi». Tarde piou. Pior a amêndoa do que o cimento. De novo, o povo: quem nasce torto tarde ou nunca se endireita. O fim do Mundo está aí.
Por isso, o aviso de Howard Camping, presidente do grupo conservador norte-americano Family Radio. «Preparem-se gentes porque ele (ele, o fim do Mundo) vai chegar. Para esta seita cristã a data do julgamento final já estava marcada: 21 de Maio de 2011. Howard citou, como era obrigatório, umas quantas passagens da Bíblia que, de acordo com as suas crenças, determinavam que o fim do mundo aconteceria sete mil dias depois do grande dilúvio, que ocorreu no «décimo sétimo dia do segundo mês». De acordo com o calendário judaico, foi ontem. Ponto final, parágrafo.
Muitos, no receio do que ditará o encerramento colectivo da humanidade, ou seja um terramoto, «o mais terrível que o Mundo já sofreu», recordavam com uma enorme esperança que o Family Radio já fizera previsão do género, mas para 1994 e falhara. A falha, que não se repetiu (?), louvado seja Cristo, levou Howard a afirmar ainda que terá sido fruto de um erro de cálculo.
Aqui estamos. Ou já estivemos. Se não conseguirem ler estas linhas, estimados leitores, podem ter a certeza de que o culpado não sou eu; são, obviamente, os jornalistas.
PARA A PRÓXIMA semana não há crónica; nem para ela, nem nunca mais. O fim do Mundo é hoje, sábado, mas quando escrevia estas linhas ainda não sabia bem a que horas mas, sei lá, é bem possível que já não me leiam. Nestes trotes, nada é impossível e a sabedoria popular é elucidativa: o futuro a Deus pertence.
Porém, para alguns, o fim do Mundo já acontecera, certamente por antecipação. Há, realmente, gente muito apressada, inclusive nestes momentos terminais. Um exemplo: para o Senhor Dominique Strauss-Kahn a Negra já o visitara. E juro que não é um trocadilho. Sem foice, mas com uma caução de um milhão de dólares. Era o patrão do FMI, entidade habituada a conceder empréstimos multi-milionários; já não é e não se sabe se terá pedido emprestado uns tostões para sair da cela em que o tinham metido.
Há mais. O fim do mundo, segundo Lars Von Trier, acontece quando um planeta chamado «Melancholia» colide com a Terra e acaba com a vida no único local do universo onde ela existe. O realizador tinha apresentado o seu filme no Festival de Cannes, na expectativa de ganhar a Palma de Ouro. Mas, o homem põe e…
Os dinamarqueses - diz-se que são truculentos. No mínimo. Não sei o que diria o Senhor Hans Christian Andersen a este propósito, mas sabe-se o que disse o Senhor Von Trier na Côte d’Azur, durante uma conferência de imprensa para apresentação do seu filme. Afirmações pseudo-políticas que levaram a que a Direcção do certame o declarasse persona non grata e o expulsasse.
Vamos aos factos. Questionado por uma jornalista quanto à sua ascendência alemã, o cineasta explicou que «achava que era judeu e era muito feliz por isso». Mas que, depois, descobrira que «na verdade era nazi». E não contente com isso, ainda proferiu algumas palavras de simpatia a respeito de Hitler «É claro que ele fez algumas coisas erradas mas eu consigo imaginá-lo no fim, sentado no seu bunker... Eu simpatizo com ele, um bocadinho, mas simpatizo».
Na tarde desse dia, ou seja, de quarta-feira, o fulano, face às reacções que lhe foram chegando e sabendo que as suas afirmações tinham naturalmente gerado uma enorme polémica, veio pedir desculpa pelo sucedido justificando-as com uma brincadeira causada por quem?, digam lá… pelos jornalistas que o tinham provocado com perguntas acintosas.
Num email enviado à France Presse o cidadão escreveu: «Se eu ofendi alguém esta manhã com as palavras que disse em conferência de imprensa, peço desculpas sinceras», acrescentando ainda: «Não sou anti-semita ou racista de qualquer maneira, e muito menos nazi». Tarde piou. Pior a amêndoa do que o cimento. De novo, o povo: quem nasce torto tarde ou nunca se endireita. O fim do Mundo está aí.
Por isso, o aviso de Howard Camping, presidente do grupo conservador norte-americano Family Radio. «Preparem-se gentes porque ele (ele, o fim do Mundo) vai chegar. Para esta seita cristã a data do julgamento final já estava marcada: 21 de Maio de 2011. Howard citou, como era obrigatório, umas quantas passagens da Bíblia que, de acordo com as suas crenças, determinavam que o fim do mundo aconteceria sete mil dias depois do grande dilúvio, que ocorreu no «décimo sétimo dia do segundo mês». De acordo com o calendário judaico, foi ontem. Ponto final, parágrafo.
Muitos, no receio do que ditará o encerramento colectivo da humanidade, ou seja um terramoto, «o mais terrível que o Mundo já sofreu», recordavam com uma enorme esperança que o Family Radio já fizera previsão do género, mas para 1994 e falhara. A falha, que não se repetiu (?), louvado seja Cristo, levou Howard a afirmar ainda que terá sido fruto de um erro de cálculo.
Aqui estamos. Ou já estivemos. Se não conseguirem ler estas linhas, estimados leitores, podem ter a certeza de que o culpado não sou eu; são, obviamente, os jornalistas.
Etiquetas: AF
3 Comments:
Caro Antunes Ferreira
O Fim do Mundo, está marcado para as 18h de hoje!:-)
Ferreira
Vc escreve muito bem e encadeia seus temas de jeito assaz brilhante. Adorei.
Henrique
Descobri seu blog por intermédio da Martha, veja só, e vi que você também escreve aqui. Tem um artigo excelente, esse do Fim do Mundo. Me fez dar uma boa risada
Bj
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