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Por João Paulo Guerra
UMA DAS promessas eleitorais mais excitantes para eleitores pouco informados, e desde logo, provavelmente, abstencionistas, é a de reduzir o número de deputados. Os consumidores de demagogia barata exultam. Dá ideia de um certo desapego ao poder por parte de quem a apresenta, do saudável propósito de economizar nos gastos de dinheiros públicos, da nobre intenção de reduzir a gigantesca máquina estatal que esmaga a sociedade e sufoca os cidadãos. Fica bem e é de borla. Mas...
Os grandes partidos têm clientelas a sustentar e, mais ainda, clientelas da província ávidas por descer a Lisboa e subir a São Bento; os pequenos correm risco de extinção, ou de redução à expressão mais simples, com a diminuição do número de parlamentares. Se alguma vez vingar a tese da redução do número de deputados, ela só avançará por acordo entre os partidos do "centrão", que passam a dividir o hemiciclo em dois quartos de círculo: um para cada lado, eventualmente sentados de frente um para o outro, como na Câmara dos Comuns.
Mas ser o CDS a propor a redução do número de deputados, e logo de 230 para 115 - quando o PSD não tinha ido abaixo dos 181 -, parece uma cena para os Apanhados, ou uma "notícia" do Inimigo Público ou, mais propriamente, dos velhos e extintos "Os Ridículos". A menos que o CDS tenha a nostalgia do "partido do táxi", ou a garantia de vir a ganhar um conjunto satisfatório de lugares cativos na bolsa marsupial do PSD.
Uma coisa seria os partidos garantirem a liberdade de voto dos deputados, cuja privação reduz 230 parlamentares a uma espécie de rebanho de cinco pastores. Mas reduzir drasticamente o número de deputados seria acabar com a diversidade e proporcionalidade na representação parlamentar.
Assembleia com uma maioria e uma "Ala Liberal" Portugal já teve.
«DE» de 18 Mai 11UMA DAS promessas eleitorais mais excitantes para eleitores pouco informados, e desde logo, provavelmente, abstencionistas, é a de reduzir o número de deputados. Os consumidores de demagogia barata exultam. Dá ideia de um certo desapego ao poder por parte de quem a apresenta, do saudável propósito de economizar nos gastos de dinheiros públicos, da nobre intenção de reduzir a gigantesca máquina estatal que esmaga a sociedade e sufoca os cidadãos. Fica bem e é de borla. Mas...
Os grandes partidos têm clientelas a sustentar e, mais ainda, clientelas da província ávidas por descer a Lisboa e subir a São Bento; os pequenos correm risco de extinção, ou de redução à expressão mais simples, com a diminuição do número de parlamentares. Se alguma vez vingar a tese da redução do número de deputados, ela só avançará por acordo entre os partidos do "centrão", que passam a dividir o hemiciclo em dois quartos de círculo: um para cada lado, eventualmente sentados de frente um para o outro, como na Câmara dos Comuns.
Mas ser o CDS a propor a redução do número de deputados, e logo de 230 para 115 - quando o PSD não tinha ido abaixo dos 181 -, parece uma cena para os Apanhados, ou uma "notícia" do Inimigo Público ou, mais propriamente, dos velhos e extintos "Os Ridículos". A menos que o CDS tenha a nostalgia do "partido do táxi", ou a garantia de vir a ganhar um conjunto satisfatório de lugares cativos na bolsa marsupial do PSD.
Uma coisa seria os partidos garantirem a liberdade de voto dos deputados, cuja privação reduz 230 parlamentares a uma espécie de rebanho de cinco pastores. Mas reduzir drasticamente o número de deputados seria acabar com a diversidade e proporcionalidade na representação parlamentar.
Assembleia com uma maioria e uma "Ala Liberal" Portugal já teve.
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3 Comments:
Conto-me entre os que apoiam uma redução significativa do número de deputados. Maior ainda do que a que o CDS propõe. Não descortino quais têm sido os benefícios para o país e para os cidadãos da nossa "grandeza" (e suposta diversidade) parlamentar...
Conheço de nome duas-três dúzias de deputados, pelos quais tenho apreço. E por alguns admiração. Os restantes, estarem lá ou não dá-me ideia que adianta o mesmo.
Em vez de 80 deputados, um partido grande não fica igualmente bem representado com 20?
E, se em vez de 16 deputados, um pequeno partido tiver 4, isso constitui algum problema?
Para que havemos de ter uma grande (enorme...) assembleia, que nem pelos seus próprios membros é respeitada?
Acaso, aqueles que funcionam em "piloto automático", com comando à distância, ou os que têm "habilidade de mãos", ou os que dormem, ou os que se insultam, ou os que quase lá não põem os pés, fazem(-nos) alguma falta?
E a matemática, em conjugação com a "ciência política", não conseguem, seja qual for o número de deputados, fazer representar adequada e proporcionalmente os cidadãos numa assembleia menos "bojuda"? Creio que uma roda inteira, ou um semi-círculo ou um quarto de círculo não ficam "menos perfeitos" com três ou quatro dezenas de indivíduos.
Assim eles nos representassem...
No comentário que fiz anteriormente, na 6ª linha a contar do fim, onde se lê "conseguem" devia estar "consegue".
Os consumidores de demagogia barata exultam
Faço minhas as palavras do amigo José Batista, até porque considero que "demagogia barata" é querer convencer-nos que a quantidade de deputados faz a qualidade da democracia.
Temos visto a "qualidade" de semelhante quantidade de paquidermes.
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