20.5.11

O mapa da mina abandonada

Por Ferreira Fernandes

O INSTITUTO Nacional de Estatística fez a previsão sobre a população portuguesa, no fim deste século: 6,8 milhões de habitantes. Uma ninharia com tanta gente como já hoje tem a cidade chinesa Tianjin, que nem sabemos apontar no mapa. Em 2100, pois, um decréscimo brutal de quatro milhões de habitantes sobre os 10,7 milhões que somos hoje.
Andamos nós entretidos, e deprimidos, com milhões efémeros como são os de economia (coisas para serem resolvidas em triénios), e eis que nos surgem números que nos podem abalar definitivamente como nação. Seremos, então, o quê, dentro de menos de um século? Pergunta ainda mais de ser posta quando já suspeitamos que um simples encontro Sarkozy-Merkel pode decidir por nós o nosso lugar, ou não, na Europa. Sendo que até esses grandes também são arredados de decisões que lhes interessam (ontem, Barack Obama traçou um eixo de aproximação com o mundo árabe que faz um arco que não toca na Europa).
Voltemos a nós: não sabemos o que nos aguarda. E, no entanto, não exploramos todas as saídas. Aquele semear antigo, de língua, genes e costumes, que fizemos no Atlântico Sul, só o reconsideramos agora como negócios breves ou empregos de remedeio. Mas tão extraordinária geografia tem de ser mais: Cabo Verde a Norte, São Tomé ao centro, e dois portentos de cada lado, Angola e Brasil, um meio oceano em português.
A nossa salvação? Não sei. Mas deveríamos entender melhor esse destino.
«DN» de 20 Mai 11

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1 Comments:

Blogger GMaciel said...

O problema é saber se "eles" estão tão interessados em nós, quanto nós neles.

Suspeito que sairíamos defraudados pela verdade.

20 de maio de 2011 às 18:27  

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