19.5.11

Cultura

Por João Paulo Guerra

O LÍDER do PSD acaba de expor ao País e ao Mundo expectantes a sua ideia para a cultura: fechar o Ministério. Está certo. Dadas as provas prestadas até ao momento, ninguém saberia ao certo o que esperar para a cultura por parte do líder do PSD. Então é assim: a gestão da coisa cultural num governo PSD, ou liderado pelo PSD, fica na alçada do primeiro-ministro, como outras áreas da sociedade que não merecem a dignidade nem o orçamento e meios de um ministério ou mesmo de uma simples secretaria de Estado, constituindo meros dossiês a compulsar pelo gabinete do presidente do Conselho: a violência doméstica, a igualdade, os imigrantes, a toxicodependência, os deficientes, a juventude e, já agora, os museus, bibliotecas e afins.

Tem sido cíclico, mas nem por isso ideológico, o destino do Ministério ou secretaria de Estado da Cultura nos elencos governativos: já houve e não houve, quer em governos PS, como em governos PSD, ou mesmo em governos a meias ou trilaterais. Pela cultura passaram mulheres como Teresa Gouveia, homens como Francisco Lucas Pires ou Manuel Maria Carrilho, mas também Santana Lopes.

A ideia de avocar a cultura implica, obviamente, a constituição de um ‘staff' especializado para gerir áreas tão díspares como museus e bibliotecas, teatro e belas-artes, audiovisual e património, arquivos e bailado, arqueologia e multimédia, artes performativas e arquitectura. Mas o ‘staff' para a cultura resolve-se colocando um ‘boy' a olhar para os palácios, outro para as exposições, etc. O problema é que alguns vêem neste propósito do líder do PSD um mal disfarçado desprezo pela cultura e coisas do espírito em geral e uma ameaça de retrocesso aos tempos em que Chopin, farto de piano, compunha concertos para violino.
«DE» de 19 Mai 11

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