1.6.11

"Alô! Alô", é a morte a chamar

Por Ferreira Fernandes

ONTEM, ao mesmo tempo que se soube que talvez tenha havido precipitação ao acusar os pepinos espanhóis, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou o dedo ao telemóvel: "As provas acumulam-se, talvez seja cancerígeno para o homem."
Mais um dia mau para os índices de produtividade da Europa do Sul - em matéria de matar, a Finlândia bate a Andaluzia.
Outra conclusão a reter é que na semana em que a Alemanha decide acabar com o nuclear e ficamos a saber que nem todos vão ter uma central perto de si, democratiza-se a aproximação das radiações à orelha de cada um.
O admirável mundo novo não pára de nos apaparicar. O estudo que levou à posição da OMS foi feito em dez anos, até 2004, e verificou que houve um aumento de 40% de risco de um tipo de cancro, o glioma, entre os utilizadores frequentes de telemóvel (com mais de 30 minutos por dia). Alguns dos investigadores consideram que a situação pode ter melhorado com os novos aparelhos que têm uma emissão de radiações mais baixa (o pior é que as promoções também aumentaram o tempo de exposição...). Com o susto, suspeito que não se vai perder a oportunidade de lançar no mercado telemóveis ecológicos e com bífidos activos...
Entre as belas canções de Jacques Brel, há uma, Les Vieux, em que se fala dos velhos a quem só resta ficar a ouvir o pêndulo do relógio de sala que parece dizer-lhes, no seu ronronar de morte: "Espero por ti..." Olha, dava um bom toque para telemóvel.
«DN» de 1 Jun 11

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