29.9.11

Recessão

Por João Paulo Guerra

O SECRETÁRIO de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, anunciou que a recessão da economia portuguesa em 2012 vai ser mais profunda do que o esperado.

Ou seja: a recessão era esperada, inesperada seria a profundidade causada pelas políticas de austeridade postas em vigor em grande parte do mundo, nomeadamente em países do euro, como é o caso de Portugal. A verdade, porém, é que a recessão só pode ser inesperada para os muitos distraídos ou para os que queiram distrair terceiros.

Está visto e revisto, escrito e reescrito, lido e treslido que a austeridade de uma banda só, baseada em aumentos de impostos e cortes de rendimentos, afunda o mercado interno, arrasa a economia e provoca a recessão. Todas as experiências comprovam que não há volta a dar-lhe. Já foi experimentado em todos os quadrantes do globo, e nomeadamente em Portugal, e deu sempre os mesmos péssimos resultados, num círculo vicioso infernal: recessão, austeridade, mais recessão, mais austeridade, etc.

Essa é porém a política mais fácil perante uma situação de crise: vai-se aos rendimentos dos assalariados, aos bolsos da classe média. E embora toda a gente conheça e aponte alternativas, o poder não se mete por aí: castigam-se os do costume e poupam-se as clientelas, algumas das quais até se enchem com as crises, a austeridade e a recessão. O governo de Durão Barroso ainda sugeriu a alternativa da aposta forte nas exportações. Mas terá acabado por chegar à conclusão que tal desiderato era ilusório em Portugal e acabou por se exportar apenas a si próprio.

De maneira que, como se estava mesmo a ver, a austeridade que esmaga e asfixia boa e grande parte dos portugueses em 2011 vai ser pior em 2012. E assim sucessivamente.

«DE» de 29 Set 11

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3 Comments:

Blogger Bmonteiro said...

Top Exportações Portugal:
Barroso;
Guterres;
Vara;
Boas encomendas.

29 de setembro de 2011 às 20:22  
Blogger Cruz said...

Primeira declaração: não sou economista; o que abaixo escrevo é apenas fruto de reflexão.

Segunda: Não defendo nem condeno - do ponto de vista de ser a melhor opção para nos levar à recuperação - o aumento de impostos. Espero para ver os resultados.


A Economia não é uma ciência exacta; as mesmas decisões não conduzem sempre aos mesmos efeitos.

Embora não explicitamente defendido no texto de JPG, presumo que quererá dizer que a melhor solução seria reduzir impostos sobre as pessoas colectivas e singulares para estimular o consumo e a criação de emprego com a consequente activação da economia. Haveria necessariamente uma redução imediata na colecta de dinheiro para o Estado mas superiormente compensada (segundo inferi do seu texto) pelo aumento da actividade económica (maior consumo, mais IVA; mais emprego, maior colecta sobre os rendimentos do trabalho). Não tenho certezas quanto à solução ideal.

Duas notas:

1. Quando diz "Está visto e revisto, escrito e reescrito, lido e treslido que a austeridade de uma banda só, baseada em aumentos de impostos e cortes de rendimentos, afunda o mercado interno, arrasa a economia e provoca a recessão.", onde isso está visto e revisto, escrito e reescrito, lido e treslido?

2.Diz "Já foi experimentado em todos os quadrantes do globo, e nomeadamente em Portugal, e deu sempre os mesmos péssimos resultados, num círculo vicioso infernal: recessão, austeridade, mais recessão, mais austeridade, etc.". Já não me recordo como saímos de outras situações em que também nos foram impostas medidas semelhantes pelo FMI; relembre-me, por favor.

Cruz Gaspar

P.S.: O comentário foi escrito 'ao correr da pena'. Talvez merecesse uma resposta mais elaborada e melhor fundamentada. Mas lamento, não o poderei fazer.

Cruz Gaspar

30 de setembro de 2011 às 12:33  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Resposta de J.P.Guerra:

«É como o leitor diz: "maior consumo, mais IVA, mais emprego, maior colecta sobre os rendimentos do trabalho", e ainda mais e melhor viabilidade das empresas, economia mais saudável, mais rendimentos particulares e para o Estado e, acima de tudo, mais justiça social.
Em também poderia replicar ao comentário de forma mais elaborada e melhor fundamentada. Mas não tenho disponibilidade.
jpg»

3 de outubro de 2011 às 10:14  

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