Toca o Hino
Por João Paulo Guerra
NA NOITE de terça-feira liguei o televisor e estava o povo a cantar A Portuguesa.
Ainda pensei que era uma resposta patriótica aos Ultimatos da ‘Troika' ou, pelo menos, que se celebrava o começo do fim do crise, nos termos da previsão do ministro da Economia e dos versos de Henrique Lopes de Mendonça: "Brade a Europa à terra inteira: Portugal não pereceu". Mas não, nada disso. Era apenas um jogo de futebol através do qual Portugal, esmagando implacavelmente os bósnios, se qualificara para a fase final do Europeu de 2012.
Bem precisados de alegrias andam os portugueses, massacrados no dia-a-dia e para o futuro por uma austeridade sem fim, que apenas promete recessão e portanto mais austeridade. De maneira que a vitória no chamado ‘play off', ao cair do pano do apuramento do Euro 2012, veio mesmo a calhar. Afirmou alguma superioridade de um País que os ricos andam a empurrar para fora do euro, um País que não tem títulos firmados apenas no insucesso e abandono escolar, mas também no próprio futebol: Portugal é o 8.º do ‘ranking' da FIFA, enquanto a Bósnia se fica para lá da vigésima posição na tabela. Depois, qualquer vitória, mas mais ainda com goleada, reforça a auto-estima nacional, tão abalada com a cotação do mercado português na categoria de lixo e do País na classe dos PIGS, acrónimo pejorativo para designar os países da segunda divisão do euro: Portugal, Itália, Grécia e ‘Spain'. A tribo, liderada em campo por seus galos de crista, vingou uma sucessão de vexames.
Ainda este mês Portugal vai ter outra alegria com a praticamente certa, e justa, elevação do Fado a Património da Humanidade. Fica apenas a faltar um milagre de Fátima, para que Portugal possa enfrentar com sucesso e alegria "as injúrias da sorte".
«DE» de 17 Nov 11NA NOITE de terça-feira liguei o televisor e estava o povo a cantar A Portuguesa.
Ainda pensei que era uma resposta patriótica aos Ultimatos da ‘Troika' ou, pelo menos, que se celebrava o começo do fim do crise, nos termos da previsão do ministro da Economia e dos versos de Henrique Lopes de Mendonça: "Brade a Europa à terra inteira: Portugal não pereceu". Mas não, nada disso. Era apenas um jogo de futebol através do qual Portugal, esmagando implacavelmente os bósnios, se qualificara para a fase final do Europeu de 2012.
Bem precisados de alegrias andam os portugueses, massacrados no dia-a-dia e para o futuro por uma austeridade sem fim, que apenas promete recessão e portanto mais austeridade. De maneira que a vitória no chamado ‘play off', ao cair do pano do apuramento do Euro 2012, veio mesmo a calhar. Afirmou alguma superioridade de um País que os ricos andam a empurrar para fora do euro, um País que não tem títulos firmados apenas no insucesso e abandono escolar, mas também no próprio futebol: Portugal é o 8.º do ‘ranking' da FIFA, enquanto a Bósnia se fica para lá da vigésima posição na tabela. Depois, qualquer vitória, mas mais ainda com goleada, reforça a auto-estima nacional, tão abalada com a cotação do mercado português na categoria de lixo e do País na classe dos PIGS, acrónimo pejorativo para designar os países da segunda divisão do euro: Portugal, Itália, Grécia e ‘Spain'. A tribo, liderada em campo por seus galos de crista, vingou uma sucessão de vexames.
Ainda este mês Portugal vai ter outra alegria com a praticamente certa, e justa, elevação do Fado a Património da Humanidade. Fica apenas a faltar um milagre de Fátima, para que Portugal possa enfrentar com sucesso e alegria "as injúrias da sorte".
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2 Comments:
Vamos todos rezar para que esse novo milagre de Fátima aconteça, se possível acompanhado pelo quarto segredo, para lhe assegurar que perdure mais tempo.
Pois, também ouvi o hino.
Não haverá por lá quem ensine aquela gente que se "sente a voz... que há-de levar-te à vitória" e não "hão-de levar-te à vitória", mesmo sendo a voz "dos teus egrégios avós"?
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