Voltando à faca fria
Por Ferreira Fernandes
O 'CORREIO DA MANHÃ' teve ontem a melhor manchete do ano: "Estripador Falha Provas".
Pelos vistos, o "estripador de Lisboa" não vai conseguir os mínimos. Deve ser terrível. Um tipo colecciona recortes de jornal, lê livros, aprende onde enfiar o gargalo e rasgar, enfim, treina-se para o sonho de uma vida - ser reconhecido como o "estripador de Lisboa" - e, no momento dado, falha provas! É como morrer na praia, coisa indigna, porque pulmões encharcados não é o mesmo que vísceras revolvidas.
E pensar que esteve tão perto... O filho, quase convencido: "Pai, és o 'estripador de Lisboa'?", ao que respondia com aquele dúbio sorriso paternal quando os ganapos perguntam se chegámos a jogar à bola com o Eusébio na tropa... Depositado o grão de ilusão, o orgulho de ver um filho concorrer a programa de televisão à pala do jeito de faca do pai. Depois, emoção, o destino pôs-se a correr. O contacto com uma célebre jornalista, a confissão detalhada, o prazer de ser por ela ensinado que isso de querer arrancar úteros tem significado. "Freudiano", foi o que ela lhe chamou, qualquer coisa a ver com a mãe (o que se aprende com gente célebre!). A seguir, a glória: capa de semanário e vídeo nas tevês.
Mas começaram a surgir dúvidas, de incréus daquela verdade científica: "Os estripadores não mentem!"
A confissão não chegou. Enfim, não chegou para se provar que o Estripador era o estripador, só bastou para provar que isto anda extirpado de juízo.
«DN» de 5 Dez 11O 'CORREIO DA MANHÃ' teve ontem a melhor manchete do ano: "Estripador Falha Provas".
Pelos vistos, o "estripador de Lisboa" não vai conseguir os mínimos. Deve ser terrível. Um tipo colecciona recortes de jornal, lê livros, aprende onde enfiar o gargalo e rasgar, enfim, treina-se para o sonho de uma vida - ser reconhecido como o "estripador de Lisboa" - e, no momento dado, falha provas! É como morrer na praia, coisa indigna, porque pulmões encharcados não é o mesmo que vísceras revolvidas.
E pensar que esteve tão perto... O filho, quase convencido: "Pai, és o 'estripador de Lisboa'?", ao que respondia com aquele dúbio sorriso paternal quando os ganapos perguntam se chegámos a jogar à bola com o Eusébio na tropa... Depositado o grão de ilusão, o orgulho de ver um filho concorrer a programa de televisão à pala do jeito de faca do pai. Depois, emoção, o destino pôs-se a correr. O contacto com uma célebre jornalista, a confissão detalhada, o prazer de ser por ela ensinado que isso de querer arrancar úteros tem significado. "Freudiano", foi o que ela lhe chamou, qualquer coisa a ver com a mãe (o que se aprende com gente célebre!). A seguir, a glória: capa de semanário e vídeo nas tevês.
Mas começaram a surgir dúvidas, de incréus daquela verdade científica: "Os estripadores não mentem!"
A confissão não chegou. Enfim, não chegou para se provar que o Estripador era o estripador, só bastou para provar que isto anda extirpado de juízo.
Etiquetas: autor convidado, F.F
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