3.12.11

A Cátia sabe quem matou a Rosalina?

Por Ferreira Fernandes

QUEM lê jornais portugueses farta-se de "modus operandi" nas páginas de crime. O País encalha no termo. Eis uma explicação: não sabem qual é o modus operandi da PJ? É deixar a Felícia Cabrita ir à frente. Que a glória lhe faça proveito, mas receio que esse modo de operar - abrindo telejornais como um estripador opera vísceras, com espalhafato - receio, dizia eu, que esse afã baralhe pistas.
Se bem me lembro, apresentar em telejornais o primeiro vídeo de Carlos Silvino, de anorak vermelho, impediu posteriores escutas sistemáticas ao seu telemóvel. Se elas tivessem sido feitas, a investigação teria ganho provas e os arguidos dificilmente poderiam justificar, em tribunal, porque lidavam com um simples motorista da Casa Pia. Ganhou o escândalo e perdeu a Justiça.
Desta vez, temos um rapaz que para entrar num big brother televisivo disse ter para exibir um segredo do seu pai: "Sei quem é o estripador de Lisboa!"
O facto em si já daria para traçar o retrato de uma época, mas fiquemo-nos pelo modus operandi. Em vez de a PJ seguir a pista, a Felícia Cabrita adiantou-se. Mas eu preferia que o alegado estripador tivesse, em interrogatórios, sido iniciado por um polícia profissional, se é que os há, capaz de comprometer ou ilibar o homem. Agora o terreno já está minado - como, receio, veremos em breve.
Dito isto, vou até à Casa dos Segredos. Talvez a Cátia, não sabendo onde é o Rio de Janeiro, saiba quem matou a Rosalina.
«DN» de 3 Dez 11

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