1.12.11

Teerão volta ao jogo preferido

Por Ferreira Fernandes

EM 1979, os Guardas Revolucionários iranianos ocuparam a embaixada americana e sequestraram dezenas de funcionários. Foi o acto fundador da República islâmica. Combateram o "Grande Demónio" americano e venceram-no quando tinham pela frente o mais banana dos Presidentes americanos, Jimmy Carter. Os funcionários acabaram por ser libertados (no dia em que o presidente seguinte, Ronald Reagan, tomou posse), mas continua até hoje uma tragédia, o sequestro do povo inteiro por um bando de padrecas da Idade Média.
A repetição ocorre agora, 30 anos depois. Não havendo embaixada americana, jovens barbudos ocuparam a embaixada do "Pequeno Demónio", a Grã-Bretanha. É um exercício gratuito, a Europa, hoje, é tão banana como Carter. O Governo iraniano faz de conta que os assanhados agem fora do controlo das autoridades.
Na embaixada agora ocupada reuniram-se, em plena II Guerra Mundial, Churchill, Roosevelt e Estaline, quando se impôs um novo líder ao país, o jovem Xá, Mohammad Reza Pahlavi; mais tarde, em 1953, os ingleses deitaram abaixo o primeiro-ministro nacionalista Mossadegh - e esses pecados passados justificariam a ira do "povo" contra os britânicos... Ora, do que se trata é de recarregar as baterias de um regime assustado com as revoltas em outros países islâmicos.
A ocupação da embaixada é um episódio menor da grande tragédia, o sequestro dos iranianos.
«DN» de 1 Dez 11

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