«Dito & Feito»
Por José António Lima
MÁRIO Soares, que achou «muita graça» a Fernando Ulrich ter invectivado os «funcionários de 5.ª linha da troika» e «até estava com a ideia de lhe telefonar para lhe dar cumprimentos», afirma que «a troika está a funcionar como parecendo o Governo do país», enquanto vai repetindo à exaustão que «a Europa deixou de ter líderes» (infere-se que só no seu tempo havia líderes na Europa, os quais terão entrado depois em vias de extinção).
Vasco Pulido Valente antevê «o fim da Europa», culpa a maléfica Angela Merkel (tal como Mário Soares não se cansa de fazer) e vislumbra «uma catástrofe que conserva a Grécia, a Itália e Portugal num extraordinário estatuto de menoridade». Manuel Alegre, no mesmo registo apocalíptico de Pulido Valente, teme que «os mercados e os especuladores acabem com a democracia». E Miguel Portas assegura que «o que hoje se está a passar na Zona Euro cheira demais a soberania limitada».
Ora, quem se habituou, ao longo de anos e anos, a viver à custa do dinheiro emprestado pelos outros e na base de um endividamento em espiral – como é o caso da Grécia, da Itália e de Portugal – não pode queixar-se de que os seus credores e financiadores lhe imponham regras e restrições. Que condicionam, obviamente, a governação desses países. Mas foram esses mesmos países que se colocaram num estatuto de menoridade e dependência forçada, que autolimitaram a sua própria soberania. Estavamà espera de quê? Quando Soares, Alegre ou Portas pedem um empréstimo bancário e são, depois, incapazes de o pagar, culpam-se a si próprios ou culpam a banca?
Acresce que a evolução da União Europeia implica um modelo de soberanias nacionais gradualmente limitadas e crescentemente partilhadas. As intervenções de resgate financeiro e de saneamento das contas públicas na Grécia, em Portugal ou em Itália significam que há mais Europa e não menos Europa, que há esforço de coesão e entreajuda e não a prevalência da divisão e do desmembramento.
É o fim da democracia, o fim da soberania e o fim da Europa que aí vêm? Só para quem gosta de agitar fantasmas como forma de esconder as suas fraquezas e de alijar as suas culpas.
«SOL» de 25 Nov 11MÁRIO Soares, que achou «muita graça» a Fernando Ulrich ter invectivado os «funcionários de 5.ª linha da troika» e «até estava com a ideia de lhe telefonar para lhe dar cumprimentos», afirma que «a troika está a funcionar como parecendo o Governo do país», enquanto vai repetindo à exaustão que «a Europa deixou de ter líderes» (infere-se que só no seu tempo havia líderes na Europa, os quais terão entrado depois em vias de extinção).
Vasco Pulido Valente antevê «o fim da Europa», culpa a maléfica Angela Merkel (tal como Mário Soares não se cansa de fazer) e vislumbra «uma catástrofe que conserva a Grécia, a Itália e Portugal num extraordinário estatuto de menoridade». Manuel Alegre, no mesmo registo apocalíptico de Pulido Valente, teme que «os mercados e os especuladores acabem com a democracia». E Miguel Portas assegura que «o que hoje se está a passar na Zona Euro cheira demais a soberania limitada».
Ora, quem se habituou, ao longo de anos e anos, a viver à custa do dinheiro emprestado pelos outros e na base de um endividamento em espiral – como é o caso da Grécia, da Itália e de Portugal – não pode queixar-se de que os seus credores e financiadores lhe imponham regras e restrições. Que condicionam, obviamente, a governação desses países. Mas foram esses mesmos países que se colocaram num estatuto de menoridade e dependência forçada, que autolimitaram a sua própria soberania. Estavamà espera de quê? Quando Soares, Alegre ou Portas pedem um empréstimo bancário e são, depois, incapazes de o pagar, culpam-se a si próprios ou culpam a banca?
Acresce que a evolução da União Europeia implica um modelo de soberanias nacionais gradualmente limitadas e crescentemente partilhadas. As intervenções de resgate financeiro e de saneamento das contas públicas na Grécia, em Portugal ou em Itália significam que há mais Europa e não menos Europa, que há esforço de coesão e entreajuda e não a prevalência da divisão e do desmembramento.
É o fim da democracia, o fim da soberania e o fim da Europa que aí vêm? Só para quem gosta de agitar fantasmas como forma de esconder as suas fraquezas e de alijar as suas culpas.
Etiquetas: autor convidado, JAL
3 Comments:
Não sei se, nem me atrevo a afirmar que, Mário Soares foi um grande político. Mas que os actuais líderes europeus não o são, não tenho dúvidas; apenas olham para o seu umbigo, longe, muito longe da visão dos "pais" do que haveria de ser a UE. Parecem baratas tontas, reagindo e não agindo.
J.A.L., diz o óbvio só assim não entende quem imagina ou finge imaginar que na cena internacional vigoram leis muito diferentes das da ordem interna ou mesmo entre particulares. M.Soares parece levar à letra que "querer é poder" mas trata-se de um aforismo popular que tem 50% de verdade e 50% de inverdade. Para poder gastar é preciso produzir ou, então, ter força para impor a sua lei como fazem os EUA ou, não a tendo - a força-, sujeitar-se às regras de quem nos empresta para comprar pão (isso mesmo pão!!), que foi o que me aconteceu quando, sendo primeiro ministro o Grande político M.S., o banco que emprestou dinheiro para comprar um T2 me fixou uma tx de 31%, sim isso:31%!
O nosso problema não tem nada a ver com endividamento (ver, por exemplo http://cabalas.blogspot.com/2011/11/sobre-esta-politica-suicida.html).
O nosso problema tem a ver com as políticas de Mário Soares, Cavaco Silva e de muitos outros, do PS, PSD, CDS e BE, tem a ver com o nosso enfeudamento à União Europeia (antigamente CEE e CE).
É que transferimos a maior parte da nossa soberania para fora do país sem nos assegurarmos de que nos podíamos defender se as coisas corressem mal.
Agora dizem que os líderes da Europa são fracos. Sim, e depois? Isso não era espectável?
Por melhores que tenham sido os líderes anteriores (do que duvido), seria sempre de esperar que acabasse por aparecer uma época com líderes fracos pois a excelência não dura para sempre.
E, quando isso acontecesse como é que Mário & Co. achava que nos iríamos defender?
Bom, na minha opinião nem os líderes anteriores foram assim tão bons nem os de agora são assim tão maus.
O problema é que os anteriores fizeram muita porcaria e que compete aos actuais limpa-la o que não estão a conseguir fazer.
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