25.11.11

Greve

Por João Paulo Guerra

EM PRIMEIRO lugar, convém dizer que a greve geral se destinou a protestar contra as medidas de austeridade cega do Governo e da ‘troika' e que não deve haver ninguém - mesmo aqueles que a coberto do anonimato, nos ‘sites' de jornais e rádios, entre palavrões e erros de ortografia, reclamam a prisão e deportação dos sindicalistas e dos grevistas - que goste que lhe roubem os subsídios de Natal e de férias, reduzam os ordenados, aumentem as horas de trabalho, carreguem nos impostos, cortem nos direitos à saúde e à educação, ou que façam de Portugal um País sem futuro para os jovens da actualidade.

Em segundo lugar, será de esclarecer os que entendem que um grevista é apenas alguém que não quer trabalhar, que a greve é um direito constitucional e que o primeiro prejudicado pela realização de uma paralisação é o grevista que não recebe esse dia. E que o sacrifício e a generosidade dos grevistas tem em vista não tanto o benefício próprio mas o bem de todos, inclusive dos que o acusam e insultam e que nem um dia de salário dão para a melhoria da sua e da vida dos outros.

Para além disso, talvez seja de fazer ver que os prejuízos para a economia resultantes de uma greve geral representam apenas a perda de um dia. Enquanto os prejuízos que resultam para a economia da austeridade cega, que causa a recessão e dispara o desemprego - contra a qual se batem os grevistas - são para muitos e maus anos, alguns serão mesmo para sempre.

Por fim, haverá que sublinhar que o medo e a ameaça são os maiores aliados do poder, na política de espoliação de quem trabalha, como são os piores conselheiros de quem tem que pensar muitas vezes entre o valor da coragem de parar um dia de trabalho e o preço de que o mandem parar de trabalhar para o resto da vida.

«DE» de 25 Nov 11

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