24.11.11

O nosso fado é sermos imateriais

Por Ferreira Fernandes

TEMOS, então, que o fado pode tornar-se este fim-de-semana Património Imaterial da Humanidade.
Imaterial quer dizer impalpável, intangível. Que não se pode tocar. Não tocado, não sei se é exactamente o que se pode dizer do fado, com as suas violas e guitarras. E não me parece oportuno propor o fado, logo agora, quando não nos faltam assuntos etéreos e incorpóreos - imateriais, enfim - para concorrer...
O emprego, por exemplo, já começa a ser um património imaterial para muitos (aliás, para os portugueses juntar património e imaterial já começa a ser uma redundância).
Outro exemplo de imaterialidade é metade do subsídio de Natal. Olha, esse prémio estaria no papo, a UNESCO não podia deixar de votar na candidatura do Subsídio do 14.º Mês, Património Semi-Imaterial da Humanidade Portuguesa.
A senhora Irina Bokova, directora-geral da UNESCO, que alertou para o excesso de candidaturas, nem sabe do que se livrou por os portugueses se terem limitado ao fado.
Esta semana, não fosse o assomo bolsista com os zunzuns da compra pelos angolanos, até poderíamos concorrer a património imaterial com as acções do BCP. Nesse sector, o financeiro, podíamos apresentar candidaturas até que a voz nos doesse: sendo o líquido um estado da matéria, a nossa proverbial falta de liquidez faria de nós candidatos ideais para estes prémios da UNESCO.


«DN» de 24 Nov 11

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2 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

A UNESCO não nos conhece, ou votaria logo essa miada dos vadiolas de Lisboa, como sendo música, e que a Humanidade tem que aturar, mas a Fitch e a Dagong estão fartas de nos conhecer e premiar. bfds

25 de novembro de 2011 às 07:31  
Blogger JARRA said...

Ferreira Fernandes, se você pudesse também entrar para o Pib, resolvía-nos o problema - infelizmente o génio não tem cotação na cinzenta realidade da economia

25 de novembro de 2011 às 22:53  

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