Piegas, um falso escândalo
Por Ferreira Fernandes
NUNCA perdoarei ao escândalo que vai para aí com "piegas". Ele, o escândalo, obrigou-me a ouvir um discurso de 25 minutos e 36 segundos até ao minuto 22 e 42 segundos, quando a famigerada palavra foi dita pelo primeiro-ministro.
Ora o mais famoso discurso de outro célebre primeiro-ministro, Winston Churchill, nem durou cinco minutos e logo a meio lançou o "sangue, sofrimento, lágrimas e suor" para despachar o que havia para ouvir.
Passos falou, falou, não foi Churchill, nem Kennedy - e eu, confesso, também não o esperava - mas foi por esse caminho de pedras, que não promete, mas exige, que não pinta, mas rasga, enfim, que é próprio quando o inimigo cerca as nossas praias e é altura de perguntar o que podemos fazer pelo país e não o contrário.
Esses momentos duros das pátrias trazem por vezes, como única vantagem, tribunos que nos aquecem a alma.
Por vezes, disse eu. Não é manifestamente o caso de Passos Coelho, não lhe encontrei tiradas empolgantes. Ouvi um discurso com a mensagem que tem sido a de Passos Coelho: o momento é difícil e para o resolver não vamos facilitar. E, aos tais 22 minutos, ele disse: "Devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas."
Pois eu também acho que devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas. Quem se escandalizou com Passos Coelho deu-lhe razão às palavras: há demasiada gente a caçar gambozinos. E isso custa caro a todos: a mim, obrigaram a ouvir o discurso.
«DN» de 9 Fev 12NUNCA perdoarei ao escândalo que vai para aí com "piegas". Ele, o escândalo, obrigou-me a ouvir um discurso de 25 minutos e 36 segundos até ao minuto 22 e 42 segundos, quando a famigerada palavra foi dita pelo primeiro-ministro.
Ora o mais famoso discurso de outro célebre primeiro-ministro, Winston Churchill, nem durou cinco minutos e logo a meio lançou o "sangue, sofrimento, lágrimas e suor" para despachar o que havia para ouvir.
Passos falou, falou, não foi Churchill, nem Kennedy - e eu, confesso, também não o esperava - mas foi por esse caminho de pedras, que não promete, mas exige, que não pinta, mas rasga, enfim, que é próprio quando o inimigo cerca as nossas praias e é altura de perguntar o que podemos fazer pelo país e não o contrário.
Esses momentos duros das pátrias trazem por vezes, como única vantagem, tribunos que nos aquecem a alma.
Por vezes, disse eu. Não é manifestamente o caso de Passos Coelho, não lhe encontrei tiradas empolgantes. Ouvi um discurso com a mensagem que tem sido a de Passos Coelho: o momento é difícil e para o resolver não vamos facilitar. E, aos tais 22 minutos, ele disse: "Devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas."
Pois eu também acho que devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas. Quem se escandalizou com Passos Coelho deu-lhe razão às palavras: há demasiada gente a caçar gambozinos. E isso custa caro a todos: a mim, obrigaram a ouvir o discurso.
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