10.3.12

Outro elogio às medidas simples

Por Ferreira Fernandes

ElIan McCurdie, médico-chefe do comité olímpico britânico, disse aos seus atletas: "Evitem apertar a mão aos desportistas e membros das outras delegações."
Caiu mal o conselho na pátria da boa educação e também anfitriã dos JO 2012 (são em Londres, lembro aos distraídos). "O aperto de mão é a maneira mais cortês de se saudar", protestou a Debrett's, antiquíssima publicação, autoridade em boas maneiras.
Mas McCurdie não está virado para gentilezas, quer só saúde e bons resultados para os seus. Apertar a mão pode dar azo a infeções, e uma pequena febre num atleta estraga-lhe as esperanças de quatro anos.
Aceno de cabeça, pois, em vez de mão estendida pode salvar muita medalha. O dr. McCurdie deve ser um admirador do seu colega húngaro Ignaz Semmelweiss (1818-1865), que estudou e resolveu um paradoxo. Havia duas maternidades em Viena, vizinhas e para grávidas das mesmas camadas sociais, mas com taxas de mortalidade muito diferentes. Aquela que tinha médicos tinha dez vezes mais mortes, de febres pós-parto, do que a só com parteiras. O húngaro, sabendo que os médicos além dos partos dissecavam cadáveres, propôs uma medida revolucionária para a época: antes de entrar nas salas de parto eles deviam lavar as mãos. Tornada rotina, a medidazita salvou milhões de vidas.
O lavar de mãos de Semmelweiss está no pódio das medidas singelas e eficazes. O não estender a mão de McCurdie, não sei - mas merece mais do que rápido sarcasmo.
«DN» de 10 Mar 12

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