Medidas duras, executores moles
Por Ferreira Fernandes
RAUL SOLNADO, lá onde está (a rir, claro), que me desculpe mas cito-o pela enésima vez: "Chefe, fiz um prisioneiro! - Onde está? - Não quis vir!" Já o tinha escrito ainda há dias? Que querem, não sou eu que me repito, é o País.
O Governo tinha decidido cortar a direito: desde janeiro, os salários do sector empresarial do Estado sofrem cortes. Não discuto a medida, mas gabo a decisão universal. Enfim, semi-universal, porque os cortes não atingem os privados quando o mal é certamente do País, não só do Estado português. Mas, pronto, houve que cortar e cortou-se numa boa fatia, onde democraticamente levaram todos.
"Chefe, fiz um prisioneiro!", poderia ter dito o ministro dos cortes a direito. "Onde está?", perguntou o chefe. "Está aqui!", poderia dizer o ministro, até ontem, mostrando o sector empresarial do Estado.
Ontem, porém, voltámos à Guerra do Solnado e o ministro só pôde dizer: "Está aqui, mas só parte. A TAP não quis vir..." Aterrados aqui, vão dizer-me: lá estão os privilegiados do costume... Pois, dizem mal. O que conta nesta história não são os privilégios dos trabalhadores da TAP, que os têm, e agora mais este, o que contou foi a pusilanimidade do outro lado. Do outro lado que, temendo os da TAP, recuou.
Repito, não discuto a bondade ou não dos cortes. Mas, se estes eram necessários, lamento é que não tivesse havido chefe para todos, só para alguns. Medidas duras com executores moles saem sempre furadas.
«DN» de 8 Mar 12RAUL SOLNADO, lá onde está (a rir, claro), que me desculpe mas cito-o pela enésima vez: "Chefe, fiz um prisioneiro! - Onde está? - Não quis vir!" Já o tinha escrito ainda há dias? Que querem, não sou eu que me repito, é o País.
O Governo tinha decidido cortar a direito: desde janeiro, os salários do sector empresarial do Estado sofrem cortes. Não discuto a medida, mas gabo a decisão universal. Enfim, semi-universal, porque os cortes não atingem os privados quando o mal é certamente do País, não só do Estado português. Mas, pronto, houve que cortar e cortou-se numa boa fatia, onde democraticamente levaram todos.
"Chefe, fiz um prisioneiro!", poderia ter dito o ministro dos cortes a direito. "Onde está?", perguntou o chefe. "Está aqui!", poderia dizer o ministro, até ontem, mostrando o sector empresarial do Estado.
Ontem, porém, voltámos à Guerra do Solnado e o ministro só pôde dizer: "Está aqui, mas só parte. A TAP não quis vir..." Aterrados aqui, vão dizer-me: lá estão os privilegiados do costume... Pois, dizem mal. O que conta nesta história não são os privilégios dos trabalhadores da TAP, que os têm, e agora mais este, o que contou foi a pusilanimidade do outro lado. Do outro lado que, temendo os da TAP, recuou.
Repito, não discuto a bondade ou não dos cortes. Mas, se estes eram necessários, lamento é que não tivesse havido chefe para todos, só para alguns. Medidas duras com executores moles saem sempre furadas.
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