10.4.12

Infelicidade

Por João Paulo Guerra

A MAIORIA dos portugueses considera-se nem muito nem pouco feliz, o que é bem português: nem, nem, assim, assim, mais ou menos, cá se vai andando.

O relatório sobre a felicidade, aprovado pelas Nações Unidas e ontem aflorado pelo Diário de Notícias, coloca Portugal na 73ª posição, perto de metade de uma tabela de 155 países. Entre a Dinamarca, Finlândia e Noruega, que encabeçam a lista, e o Benim e o Togo, que fecham a tabela, Portugal não está sequer no meio-termo, em matéria de felicidade. À frente de Portugal, em matéria de felicidade, estão 22 estados da União Europeia mas também o Turquemenistão, El Salvador, o Kosovo e Cuba.

O relatório conclui que será necessário de futuro construir novas tabelas de indicadores para medir a felicidade. Mas com os existentes, iguais para todos, Portugal responde pela negativa a questões como a saúde mental e física, a família, a educação e também o rendimento, o trabalho, a comunidade e o governo, os valores.

Seja[m] quais for[e]m as tabelas do futuro, o presente não augura nada de bom quanto à felicidade dos portugueses. O rendimento, o trabalho, a educação, a saúde estão em queda precipitada e com esses itens cai também a estabilidade da família e as relações sociais em comunidade. Porque a verdade é que a minoria de portugueses que se considera muito feliz já é só aquela que está empregada e não tem familiares afectados pela crise, que está satisfeita com o seu trabalho e salário, que mantém boas relações na família e com os amigos e, já agora, que se sente bem com a sua aparência, que dorme tudo o que precisa e que se avalia como bem-humorado.

Com a infelicidade dos portugueses governados bem podem os portugueses que governam. Deve ser por isso que se riem tanto nas fotos de família.
«DE» de 10 Abr 12

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