O que fazes tu pelo teu vizinho?
Por Ferreira Fernandes
NORMAN Rockwell começou a ilustrar capas de jornais em 1916 e ainda fazia cartazes publicitários nas vésperas da sua morte, em 1978, o que é dizer que nos deixou muitos desenhos. O meu preferido é O Fugitivo. Num café, um garoto que fugia da escola - o bornal aos pés denuncia-o - espera pelo último batido de leite que decidiu beber na sua cidadezinha. Está sentado ao balcão, num daqueles bancos de napa e cromados da América dos anos 50, e sobre ele inclina-se uma figura azul imensa: um polícia com grande pistola, que gentilmente tenta tirar nabos da púcara. Talvez fosse um bruto na delegacia, mas ali - em romance que Rockwell condensa num simples desenho - é um funcionário que está a resolver um problema. Que, não duvidamos, vai ser resolvido...
Foi a imagem que me surgiu, O Fugitivo, quando ontem li que os emigrantes portugueses em Andorra estão a receber os IMI, impostos portugueses sobre imóveis, à taxa de 7,5 por cento. O comum são taxas entre 0,4 e 0,8 por cento. Aquela taxa exorbitante (que faz passar impostos de 200 euros para cinco, seis mil euros) é para portugueses dos paraísos fiscais, truque que a lei inventou para apanhar amigos da Carolina do Mónaco. Mas em Andorra vivem 12 mil portugueses, trolhas e empregadas de hotéis.
Já não ligo ao que pensou o legislador cinzentão, mas não houve um único funcionário dos impostos que, como o polícia de Rockwell, se tivesse inclinado para o problema do seu compatriota?
«DN» de 16 Abr 12NORMAN Rockwell começou a ilustrar capas de jornais em 1916 e ainda fazia cartazes publicitários nas vésperas da sua morte, em 1978, o que é dizer que nos deixou muitos desenhos. O meu preferido é O Fugitivo. Num café, um garoto que fugia da escola - o bornal aos pés denuncia-o - espera pelo último batido de leite que decidiu beber na sua cidadezinha. Está sentado ao balcão, num daqueles bancos de napa e cromados da América dos anos 50, e sobre ele inclina-se uma figura azul imensa: um polícia com grande pistola, que gentilmente tenta tirar nabos da púcara. Talvez fosse um bruto na delegacia, mas ali - em romance que Rockwell condensa num simples desenho - é um funcionário que está a resolver um problema. Que, não duvidamos, vai ser resolvido...
Foi a imagem que me surgiu, O Fugitivo, quando ontem li que os emigrantes portugueses em Andorra estão a receber os IMI, impostos portugueses sobre imóveis, à taxa de 7,5 por cento. O comum são taxas entre 0,4 e 0,8 por cento. Aquela taxa exorbitante (que faz passar impostos de 200 euros para cinco, seis mil euros) é para portugueses dos paraísos fiscais, truque que a lei inventou para apanhar amigos da Carolina do Mónaco. Mas em Andorra vivem 12 mil portugueses, trolhas e empregadas de hotéis.
Já não ligo ao que pensou o legislador cinzentão, mas não houve um único funcionário dos impostos que, como o polícia de Rockwell, se tivesse inclinado para o problema do seu compatriota?
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