Antes insultados que misericordiados
Por Ferreira Fernandes
SOBRE espanhóis temos um provérbio malcriado: "De Espanha, nem bom vento nem bom casamento." Os espanhóis respondem-nos brutalmente, com o seu famoso provérbio para achincalhar os portugueses: não o tem.
Os dois povos têm sobre si mesmo e sobre o outro as mesmas vagas ideias: os portugueses são suaves e toureiam cornos embolados; os espanhóis são arrogantes e têm touros de morte. Sendo todas as generalizações tolas, o que não impede que se generalizem, são de celebrar as manifestações que remam contra a corrente.
Ontem, num recinto vizinho do Paseo de la Castellana, em plena Madrid, um jovem português posou como se fizesse uma verónica de rodilllas ("Rodillas: joelhos. Dos passes mais excitantes, com capa ou muleta, executado pelo matador com os joelhos no chão", in Verão Perigoso, Ernest Hemingway). Pouco depois, outro português, menos jovem, fazia um manguito (manguito: gesto do Zé Povinho quando farto de ser submisso).
Os dois gestos aconteceram num jogo menor de futebol, Real Madrid-Gijón, mas em momentos solenes. Cristiano Ronaldo celebrava o seu 41.º golo, igualando o recorde espanhol, também seu (do ano passado), e Mourinho celebrava o 107.º golo da sua equipa, igualando um velho recorde espanhol. Os dois têm garantido ultrapassar esses recordes porque ainda há mais cinco jogos.
Graças a esses dois insolentes, os portugueses talvez venham a ter um provérbio em castelhano que os insulte durante séculos. Espero bem.
«DN» de 15 Abr 12SOBRE espanhóis temos um provérbio malcriado: "De Espanha, nem bom vento nem bom casamento." Os espanhóis respondem-nos brutalmente, com o seu famoso provérbio para achincalhar os portugueses: não o tem.
Os dois povos têm sobre si mesmo e sobre o outro as mesmas vagas ideias: os portugueses são suaves e toureiam cornos embolados; os espanhóis são arrogantes e têm touros de morte. Sendo todas as generalizações tolas, o que não impede que se generalizem, são de celebrar as manifestações que remam contra a corrente.
Ontem, num recinto vizinho do Paseo de la Castellana, em plena Madrid, um jovem português posou como se fizesse uma verónica de rodilllas ("Rodillas: joelhos. Dos passes mais excitantes, com capa ou muleta, executado pelo matador com os joelhos no chão", in Verão Perigoso, Ernest Hemingway). Pouco depois, outro português, menos jovem, fazia um manguito (manguito: gesto do Zé Povinho quando farto de ser submisso).
Os dois gestos aconteceram num jogo menor de futebol, Real Madrid-Gijón, mas em momentos solenes. Cristiano Ronaldo celebrava o seu 41.º golo, igualando o recorde espanhol, também seu (do ano passado), e Mourinho celebrava o 107.º golo da sua equipa, igualando um velho recorde espanhol. Os dois têm garantido ultrapassar esses recordes porque ainda há mais cinco jogos.
Graças a esses dois insolentes, os portugueses talvez venham a ter um provérbio em castelhano que os insulte durante séculos. Espero bem.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Eles têm tanta coisa boa,que você vai esperar...sentado,para não inchar de vergonha!
É bom que ganhem.Qual é o efeito real na vida das pessoas no seu futuro ? Vão comer melhor,viajar, educar os seus filhos,curar doença reziliente....?
Precisamos de bons empresarios,políticos,investigadores,médicos,professores,educadores,escritores e músicos.Para construir uma nação decente.
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