Novo PS

Por João Paulo Guerra

O PROFESSOR Marcelo Rebelo de Sousa voltou a tocar às campainhas das portas dos vizinhos.

E bastou tocar à porta dos vizinhos socialistas para dar logo mau resultado: uma travessura do professor e o PS ficou a abanar por todos os lados. E continua. A traquinice do Prof. Marcelo teve como efeito que se animaram todos os fantasmas que povoam e desinquietam o PS e despertaram todas as crispações que têm hibernado no sono e no silêncio do partido. E pronto, tal como entrou, o Prof. Marcelo saiu de cena. Agora resta-lhe observar os efeitos à distância.

O que ficou à vista, agora mais exposto e exibindo uma imagem lastimável, foi a realidade do atual PS, o partido de Sócrates dirigido por Seguro. A começar pelo grupo parlamentar, escolhido a dedo pelo líder anterior e que agora, como o próprio Seguro reconhece, lhe cria «dificuldades», que é uma maneira diplomática de dizer que lhe faz a vida negra.

Mas a questão não é só aparelhística, embora o aparelho dê uma considerável ajuda à imagem de um partido à deriva. A grande questão é que o PS, numa situação de destruição de um país e de ruína de um povo, como a que se atravessa, não tem mais nada para propor aos portugueses que uns vagos balbucios e umas tristes reticências. No essencial, assina e vota com a maioria de direita. É isto que desacredita o PS, mais que as memórias do reino de compadres governado por José Sócrates.

Seguro assumiu a liderança do partido prometendo «um novo PS», mas a promessa do novo e da novidade já é velha. Nada é novo, das renúncias à esquerda e das reverências à direita, passando pelo autoritarismo contra eventuais recalcitrantes. Provavelmente, a única coisa nova no PS é a absoluta ausência de novidade.

«DE» de 13 Abr 12