Um Estado policial?
Por Manuel António Pina
VÊM-SE acumulando nos tempos mais recentes sinais inquietantes de que,
aproveitando o vazio de autoridade do MAI, a PSP está a tornar-se uma
espécie de Estado (policial) dentro do Estado.
Depois da ilegal utilização de agentes provocadores infiltrados e
do espancamento, que começa a ser rotineiro, de cidadãos que exercem o
seu direito de manifestação ou de jornalistas que cumprem o seu
direito-dever de informar, ainda há dias foi, não o ministro, mas um
operacional da PSP quem veio ameaçadoramente anunciar "tolerância zero"
no 25 de Abril, isto é, tolerância zero "com" o 25 de Abril.
Agora,
a propósito da constituição como arguida de uma jovem do Movimento Sem
Emprego que, com outros três desempregados, distribuía no Dia Mundial do
Desempregado panfletos à porta de um Centro de Emprego de Lisboa,
revelou a porta-voz da PSP que, para esta polícia, "duas pessoas já
fazem uma manifestação". (Ora como, segundo a PSP, seriam oito, e não
quatro, os activistas que distribuíram panfletos, terá havido à porta do
Centro de Emprego, não uma, mas... quatro manifestações de duas
pessoas).
A Constituição (art.º 45.º) determina que "os cidadãos
têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares
abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização" e que "a
todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação".
Mas parece que "a PSP não tem de justificar a sua actuação"...
«JN» de 30 Abr 12Etiquetas: MAP
1 Comments:
E será que os polícias vão passar a andar sozinhos, para não serem acusados (por outros polícias, por exemplo) de fazerem manifestações, em grupos de dois ou mais, dentro de automóveis ou fora deles?
E, a verificar-se um caso assim, quais dos polícias (acusados ou acusadores) estariam dispensados de justificar a sua atuação?
Como os tempos vão...
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