28.4.12

Asneiras a esmo

Por Antunes Ferreira
A DESFAÇATEZ, a criancice e a ignorância são qualidades que permitem aos mais ineptos bolsarem sentenças de que nem sabem muito bem qual é o significado. É triste, mas é assim. São os casos em que contrariando o ditado, quem abre a boca nem sequer a mosca tenta entrar, tamanha é a asneira que não permite qualquer veleidade ao inseto. 
 O autor de tais barbaridades é também arrogante, porque se crê, porque está certo de ser o detentor da Verdade. Porém, recordo, está quase a fazer um século sobre a data em que Luigi Pirandello publicou a sua obra mais conhecida: Para cada um a sua verdade. Donde, o que se julga o único que possui a verdade comete, por certo, um dislate e um pecado: não leu Pirandello e atenta contra o Deus, qualquer Deus que, esse sim - de acordo com os seus apaniguados – é o verdadeiro eterno. Ou seja não diz mentiras nem permite que as digam. Mas isso é para quem acredita que ele existe.
Quando alguém emite um comentário, faz uma afirmação, brinda quem o ouve com uma calinada, assume que o fez porque esse dislate é absolutamente indiscutível. É uma convicção falaciosa, mas a ousadia de quem abandonou há pouco as fraldas e a chupeta é, normalmente, a mãe da baboseira. E pior se torna, quando a burrice é apoiada, louvada e repetida pela corte que aplaude o autor, normalmente o chefe do bando.
A sandice é, assim, maior ainda – se tal é possível – quando parte de alguém que se considera um líder. Argumenta-se que se trata para além da burrice, falta de preparação para o cargo que desempenha.
Num segundo, a catástrofe desencadeia-se, o tsunami varre tudo em redor, a estupidez instala-se por entre as cinzas e as ruínas que restaram. Um cataclismo oral chega a ser pior do que o de origem tectónica. 
Dito isto, a patacoada do primeiro-ministro a propósito das ausências nas cerimónias oficiais do 25 de Abril no Parlamento. Disse Coelho que está «habituado a que algumas figuras políticas queiram assumir protagonismo em datas especiais». E acrescentou que tinha pena que «figuras históricas» como Soares e Alegre tivessem decidido faltar às comemorações do «Dia da Liberdade», numa altura em que Portugal «vive um regime menos livre do que devia», por «ter tido necessidade de assumir a sua falência interna na gestão das suas finanças públicas», e está a tentar recuperar a sua «completa liberdade» face ao exterior. 
Quem é PPC para falar sobre «figuras históricas»? Onde estava o atual chefe do Governo quando Soares e Alegre se batiam pela Liberdade nos tempos salazaristas? Ainda não estava. E no 25 de Abril? Tinha dez aninhos. E por que bulas Portugal «vive um regime menos livre do que devia»? Porque teve necessidade «de assumir a sua falência interna na gestão das suas finanças públicas. O Amigo Banana não diria melhor. O Amigo Banana não diria tantas asneiras.

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2 Comments:

Blogger José Batista said...

Bom, eu recebo bastante menos desde que se declarou a "falência interna" do país.
E esse facto torna-me (muito) menos livre. Não tenho dúvida.

28 de abril de 2012 às 15:04  
Blogger Laura Cachupa Ferreira said...

Zé Ba(p)tista
Welcome!!!
A tua amiga Mónica como vai?
Já tenho saudades dos dislates de ambos.

28 de abril de 2012 às 17:05  

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