27.4.12

Bons sentimentos e boa informação

Por Ferreira Fernandes
POIS, então, Miguel Portas era filho de e irmão de. E foi também um político cordato. É bom saber que tinha família notável e que a convicção não obriga à antipatia. Na hora dos obituários - generosa, por tradição - cai bem que se diga bem. Porém, eu, que não privei com Miguel Portas, gostaria de ler coisas mais substantivas. Os jornais não deram e admiti que não as houvesse. Ter passado pelo PCP e fundado o Bloco de Esquerda não é necessariamente uma medalha. Já estava conformado em sair com pouco deste acontecimento, apesar do extraordinário relevo que lhe foi dado, quando me dei conta de um vídeo, que se tornou viral (não era só eu a querer factos...): "Não consigo compreender como um eurodeputado no dia em que viaja pode receber 300 euros em ajudas de custo, mais o subsídio de distância e mais um subsídio de tempo...", protestava o eurodeputado Miguel Portas, cordato (mas não foi só isso que anotei), no Parlamento Europeu, em fevereiro de 2010, já em tempo de crise, onde se acabava de votar aumento para os eurodeputados. "Temos a obrigação de dar o exemplo e hoje demos um mau exemplo", concluiu ele. Discurso bonito mas isolado? 
Ontem, escrevia um correspondente em Bruxelas: "Ele foi o mais ativo na luta contra os privilégios desmesurados dos seus colegas deputados." E alinhava vários exemplos. Ontem, foi pelo texto desse jornalista de um jornal estrangeiro, El Mundo, que eu confirmei a dimensão pública de Miguel Portas. 
«DN» de 27 Abr 12

Etiquetas: ,

2 Comments:

Blogger Bmonteiro said...

Vi essa intervenção há tempos.
A agora que este partiu,
a desafiar uma adesão ao seu BE.

27 de abril de 2012 às 18:41  
Blogger A Mim Me Parece said...

Não sei se mais algum deputado do Parlamento Europeu conseguiu fazer eleger como deputada para esse mesmo Parlamento a sua intelectualmente deslavada companheira. Mas ele conseguiu. Vamos lá parar de vestir com cândida toga branca esse Miguel Portas! O Estado Espanhol acaba de mandar desistir do processo fiscal contra José Saramago por este não ter pago cerca de 800.000 Euros às Finanças de Espanha dizendo que pagava esses impostos em Portugal! O que era obviamente falso. Foi uma condescendência para com um já falecido escritor Prémio Nobel. MAS NÃO O ABSOLVEU! Parece-me que também não devemos absolver o falecido Miguel Portas das suas diatribes "democráticas". Parece-me.

30 de abril de 2012 às 01:31  

Enviar um comentário

<< Home