Álvaro "Lagaffe"
Por Manuel António Pina
A MINHA infinita simpatia pelo ministro Álvaro resulta de ele ser um
azarado. Dir-se-ia que todas as forças do Universo se conjugam
obstinadamente contra ele. Estivessem atentos os nossos autores de BD e
já teríamos um Gaston Lagaffe à portuguesa.
O seu primeiro azar
(conhecido) foi alguém ter dito a Passos Coelho quando este se preparava
para formar Governo: "E se convidássemos para ministro da Economia
aquele 'blogger' que faz uns "posts" muito giros e até escreveu um
romance às cores?". O segundo foi ter aceitado o convite.
Daí para
cá têm sido só azares, desastres e coincidências infelizes, do
"cluster" dos pastéis de nata àquele seu secretário de Estado que
julgava que o memorando da "troika" era para cumprir ou à feliz ideia do
comboio de bitola europeia de Sines até França (é preciso ter azar: a
Espanha tem bitola ibérica e o animoso comboio teria que levantar voo em
Badajoz e só voltar a aterrar para lá dos Pirenéus). Até a "semper
fidelis" UGT ameaçou há dias rasgar-lhe a sua obra do regime, desta vez
um romance a preto e branco, dito Acordo de Concertação Social!
Agora
que vivazmente se preparava para argumentar com a média europeia para
reduzir ainda mais o valor das indemnizações por despedimento, veio o
Eurostat lembrar-lhe que os custos do trabalho em Portugal já vão em
menos de metade da média europeia e nem assim os seus queridos
empresários são mais "competitivos". Eu ia à bruxa.
«JN» de 26 Abr 12Etiquetas: MAP
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