As duas moscas e as 'eurobonds'
A PRIMEIRA cimeira da Merkollande falou levezinho da "política de
crescimento" e da "recapitalização do sistema financeiro". A única coisa
a tirar foi a votação, embora não oficial, do hino da cimeira:
"Paroles, paroles..." Apropriado, pela letra e pela sua mais famosa
intérprete, Dalida. Apesar de egípcia, uma europeia dos quatro costados:
filha de italianos, morreu francesa, com carreira iniciada com a
gravação de uma canção portuguesa (o Barco Negro, de Amália) e com
êxitos em italiano, inglês, alemão e, sobretudo, em francês, entre os
quais o tal "Paroles...", onde ela diz estar farta de "palavras e mais
palavras semeadas ao vento." No fundo, a declaração final da cimeira.
Mas como podíamos nós esperar medidas draconianas se Drácon, apesar de
antigo, era grego?
Quem não hesita são os chineses - do tempo de puros
comunistas ou de atuais duros capitalistas. Esses cortam sempre a
direito. Em 1958, Mao Tsé- -tung deu ordem para combater a praga do
pardal-montês, uma espécie de descontrolo das contas públicas que
atacava os campos chineses. Os camponeses derrubaram os ninhos e,
batendo em panelas, não deixavam pousar os bandos de pardais que caíam
de exaustão. E, esta semana, a câmara de Pequim tomou a decisão
draconiana de "duas moscas por casa de banho pública". Ficou escrito:
duas, não três. Vão ver que o centenário problema da higiene das casas
de banho de Pequim vai ser resolvido mais depressa do que a crise
europeia.
«DN» de 25 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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