29.5.12

Má combinação: alemães e mapas

Por Ferreira Fernandes
OS ERROS são como as dívidas aos bancos, só se cobram quando são pequenos. 
Angela Merkel, dona do Banco Central Europeu, acaba de cometer um pequenino erro e eu ia perdoar-lhe? Nem pensar, passo e repasso aquele vídeo, já viral na Internet.
Então, a senhora foi à Escola Internacional Europeia, em Berlim, a uma aula de Geografia. Conta-se rapidamente: a professora pediu-lhe para apontar Berlim, Merkel enganou-se e apontou longe, para as profundezas da Rússia, gargalhada geral dos jovens. Mas isso foi um engano, que mereceria só risinhos. O problema é outro: é o erro. Que, nos grandes, quando é pequeno pode tornar-se enorme. 
Em janeiro ou fevereiro de 1992, Jonas Savimbi desembarcou em Luanda para eleições - numa cidade farta da incapacidade do Governo do MPLA e que estava disposta a aceitar alternativas. Aí, Savimbi cometeu o tal funesto pequeno erro: desceu do avião mostrando a pistola no coldre. Mais do que da ineficiência, Luanda estava farta da guerra, e Savimbi perdeu a eleição. 
Voltando a Merkel: um chanceler alemão, seja ele mulher, não pode ser filmado a apontar para um mapa (ou jogando à bola com um globo terrestre)! Trocamos logo a professora por dois generais, Jodl e Keitel, e à Merkel pomos-lhe um bigodinho. E se o (ou a) chanceler aponta como território alemão um ponto da estepe russa, vemos logo a pobre da Polónia atravessada por panzers... 
Abuso? Talvez, mas ando muito irritado com arrogância alemã. 
«DN» de 29 Mai 12
NOTA (CMR): acrescentei o vídeo referido na crónica.

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