A tática é provocar?
A PATROA do FMI, Christine Lagarde, que ganha 380 mil euros/ano livres de
impostos, mandou os gregos pagar os impostos. Interrogada sobre os pais
gregos não poderem dar aos filhos o que davam antes, Lagarde - que nas
páginas de moda do mesmo jornal que a entrevistava era considerada com a
rainha Rania da Jordânia das mulheres que melhor se veste - disse que
era altura de eles pagarem e não de esperarem simpatia. E disse que essa
simpatia ela reservava para as crianças do Níger que na escola dividem
um banco por três.
Arrogância contra os gregos, pois. No entanto, apesar dos seus 380 mil euros livres de impostos e saia casaco de marca Austin Reed, Lagarde tem razão. Os gregos, ricos (bancos, armadores e Igreja Ortodoxa) e pobres (com ordenado mínimo superior 40 por cento ao português), entre os europeus que se endividaram são os que menos põem as contas em dia. E, sobretudo, votam de forma irresponsável. Sei que é preciso definir esse "irresponsável", lá vai: votam nos que querendo ficar no euro, não se dão as condições, coligando-se, para ficar.
Evidentemente, os gregos ficaram humilhados com as palavras de Lagarde. É isso que me preocupa: a patroa do FMI não foi política. Ora, tendo ela sido na juventude membro da equipa francesa de natação sincronizada, receio que Lagarde tivesse dito o que queria e combinada com muitos. A hora é, talvez, de provocar os gregos, fazê-los votar em extremistas e pôr a Grécia na rua.
Arrogância contra os gregos, pois. No entanto, apesar dos seus 380 mil euros livres de impostos e saia casaco de marca Austin Reed, Lagarde tem razão. Os gregos, ricos (bancos, armadores e Igreja Ortodoxa) e pobres (com ordenado mínimo superior 40 por cento ao português), entre os europeus que se endividaram são os que menos põem as contas em dia. E, sobretudo, votam de forma irresponsável. Sei que é preciso definir esse "irresponsável", lá vai: votam nos que querendo ficar no euro, não se dão as condições, coligando-se, para ficar.
Evidentemente, os gregos ficaram humilhados com as palavras de Lagarde. É isso que me preocupa: a patroa do FMI não foi política. Ora, tendo ela sido na juventude membro da equipa francesa de natação sincronizada, receio que Lagarde tivesse dito o que queria e combinada com muitos. A hora é, talvez, de provocar os gregos, fazê-los votar em extremistas e pôr a Grécia na rua.
Etiquetas: autor convidado, F.F
6 Comments:
De vez em quando, também por cá se diz uma grande verdade:
Se não houvesse fuga ao fisco, as finanças públicas não estavam na situação em que estão - até porque governos de várias tendências já estimaram o respectivo valor entre 15 e 20 mil milhões de euros por ano!
De facto, há muito a fazer por essa via. O problema é que muita da economia paralela é incontrolável pois, para que haja pagamento de imposto é preciso que haja facturação escrita, e ela só existe se (pelo menos) uma das partes envolvidas na transacção estiver interessada nela.
O que sucede (nomeadamente com os "biscateiros") é que nem o cliente nem o vendedor têm interesse na factura.
No que toca às afirmações de Lagarde, o problema é que há verdades duras de ouvir (e que nem sempre podem ser ditas).
E não é pelo o facto de ela ganhar muito ou se vestir bem que deixa de ser verdade que a fuga aos impostos (na Grécia, como em outros países com a mesma "cultura")
Carlos, lá como cá, quem foge aos impostos são os ricos e poderosos.
F.Fernandes, Antes pelo contrário, a hora é, talvez, de provocar os gregos, fazê-los votar em extremistas e pôr a Europa na rua.
Se o tivessem feito a tempo, a descida do dracma já estaria hoje descontada, e a Grécia poderia criar um futuro melhor.
Com o euro, o futuro é de mais e mais dívida, mais e mais austeridade.
Em sociedades como a nossa, quem foge aos impostos é quem o pode fazer (grandes, médios e pequenos)- não só os ricos e poderosos.
Ainda há dias pude acompanhar de perto um indivíduo que fez um trabalho de menos de 3000€ euros, preço "especial" (pagável em 3 prestações)com a condição de não haver papéis.
Recebeu 2 prestações por transferência bancária, e pediu que a 3ª (e última) fosse em notas.
Não se tratava de um rico nem poderoso, mas o caso é que a situação em causa interessava-lhe a ele (para não declarar a receita) e ao cliente (para não pagar os 23% de IVA que, como consumidor final, não recuperaria).
Claro que esteve em causa uma fuga ao fisco de umas dezenas de euros, valor que não é comparável aos milhões que a gente sabe.
E também se pode dizer que, se não fossem esses pequenos "arranjos", os trabalhos não se faziam.
De facto, a chamada "economia paralela" (como a pessoa que aluga um quarto no verão, ou o estudante que dá umas explicações, ou o desempregado que nos compõe a máquina de lavar) permite a muita gente sobreviver.
Nesta luta contra o esbulho a que os portugueses estão sujeitos, cada euro subtraído aos impostos é um heróico acto de coragem: é menos um euro para a RTP, para as Galps e EDPs e toda a tropa que engorda à volta disso.
Dois apontamentos:
1.º - De facto, os portugueses têm aversão aos impostos - em parte porque sentem que eles mal são usados a seu favor. Ou, pura e simplesmente, desaparecem num desses imensos sorvedouros que todos conhecemos.
2.º - Por estranho que pareça, o Estado até ganho alguma coisa com a situação que descrevi (e que é apenas um exemplo recente, entre MUITOS):
Tratando-se (como facilmente se percebe) de uma obra de construção civil, quer o empreiteiro quer o cliente se fartaram de dar dinheiro ao Estado. Desde a gasolina até ao cimento (passando pelas tintas, ferramentas, refeições, portagens, etc), tudo isso pagou impostos, e possivelmente mais do que a centena de euros do IVA e do IRC sonegados.
Essa do ordenado mínimo superior ao luso, já não sei se é verdade.
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