Não é armar a tenda, mas barraca
HAVIA
de haver uma lei não escrita mas de decência arreigada que ditaria o
seguinte: nos últimos dias da campanha eleitoral são proibidos
escândalos e revelações. Está aí a França a comprová-lo.
Dos dois lados,
candidatos com décadas de vida pública defrontam cascas de banana de
última hora que vão ter impacto desmedido.
Contra a candidatura de
Sarkozy surgiu a "notícia" de que, em 2007, o atual Presidente recebeu
50 milhões de euros da Líbia. "Sarkozy-Kadhafi: a prova do
financiamento", disse um jornal online, mostrando um documento. Eis a
razão por que estas revelações tardias são sempre indecentes: se são
mentirosas, são-no, se são verdadeiras, quem vai votar fá-lo-á sempre
com uma dúvida que os últimos dias não dão tempo de tirar a limpo. E, de
facto, no caso do tal documento dos 50 milhões, já surgiram versões
antagónicas sobre a autenticidade.
Por outro lado, o acontecimento
tardio contra a candidatura de François Hollande foi uma abusiva
ingerência: Dominique Strauss-Kahn, que deveria ser o candidato do PS
mas que não o é por culpa sua, pelos escândalos em que se envolveu,
parece ter decidido torpedear a campanha do seu camarada. Quando era do
interesse de Hollande um DSK discreto, este dá uma entrevista retumbante
e faz gala de aparecer em locais públicos onde estão dirigentes
socialistas.
Kadhafi e DSK, um morto de morte matada e um suicidado
político, tornaram-se protagonistas de uma festa que não é deles.
«DN» de 1 Mai 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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