22.6.12

"E não se pode exterminá-los?"

Por Manuel António Pina
A MONTANHA de audições dedicada pela ERC a averiguar o caso das "alegadas pressões ilícitas" do ministro Miguel Relvas sobre o "Público" pariu, como não poderia deixar de ter parido, um tíbio rato: o anúncio de que a ERC formou a convicção de que não formou convicção alguma acerca das tais "pressões ilícitas" e não as deu como "provadas".
Formou, contudo, a convicção de que a actuação do ministro "poderá ser objecto de um juízo negativo no plano ético e institucional". Mas, antecipando-se a interpretações maldosas, rapidamente se pôs de fora, como também não poderia deixar de se pôr: "não [cabe] à ERC pronunciar-se sobre tal juízo".
O actual Conselho Regulador da ERC é constituído por membros indicados pelo PSD (três) e pelo PS (dois). E, mais significativo do que as convicções que formou ou não formou ou do teor da deliberação que aprovou é o facto de essa deliberação ter tido votos a favor dos membros indicados pelo PSD e contra dos indicados pelo PS. O previsível, num caso envolvendo um ministro do PSD. E que tutela... a ERC.
A partidarização de organismos como a ERC ou o Tribunal Constitucional retira-lhes qualquer credibilidade e fere de morte a independência com que deveriam exercer as suas funções, tornando-os inúteis. Perguntarão justificadamente os contribuintes: "E não se pode exterminá-los? Não. Porque quem poderia exterminá-los seriam o PSD e o PS.
«JN» de 22 Jun 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Eu digo que sim, Manuel António Pina.
Se os cidadãos, nas eleições legislativas votassem em representantes seus, em círculos uninominais, em vez de votarem numa de cinco ou seis listas, elaboradas anti-democraticamente pelos chefes partidários. Então sim, teríamos uma assembleia representativa do povo, ou seja, verdadeiramente democrática.
Ao invés, o que temos são partidos como estruturas (ilegítimas) de poder.
A seguir, tudo é deles, especialmente dos que gravitam ou alternam na esfera do governo.
Estranho conceito de democracia.
Os custos pagamo-los nós, os do costume.

23 de junho de 2012 às 17:27  

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