A greve ao serviço de um abuso
JÁ VOU na terceira crónica sobre a greve dos pilotos da TAP e pode
parecer-vos campanha, mas não devia parecer. É mesmo campanha.
Com as
suas greves (nos inícios de julho e agosto), os pilotos vão causar
enormes prejuízos à empresa e ao País mas isso, só por si, não as torna
ilegítimas - as greves são lutas e não convites para tomar chá.
Acontece, porém, que aquilo que o sindicato dos pilotos dá como pretexto
para greve (uma treta que eu ontem aqui citei) podia e devia ser
discutido nos tribunais, e por estes decidido. Que um grupo privilegiado
ouse em tempos tão difíceis prejudicar tanto tantos cataloga esta greve
desnecessária como uma indecência.
O que leva os pilotos a correrem o
risco de se identificarem com um abuso tão manifesto? Quando o processo
de privatização da TAP "decorre em grande ritmo", como disse há dias o
secretário de Estado dos Transportes, estas greves são provas de vida
para a famigerada reivindicação de 20 por cento da empresa para os
pilotos. Ou se aceita esse "direito" nas negociações, ou greves... Ou,
ou, é uma forma de impor que não diz nada sobre a força do argumento mas
diz que quem argumenta tem força.
De facto, os pilotos têm força, a
prova é o mal que farão com as suas próximas greves. E, sobretudo, se
conseguirem os tais 20 por cento, demonstrarão ter mesmo muita força.
Mas será das vitórias mais rascas a que já assisti.
«DN» de 2 Jul 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Prejuízos ao país? então o povo não votou durante quase 40 anos pela sua espoliação e destruição?
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