O descalabro da UE
Por Manuel António Pina
ANGELA Merkel também é das que nunca se enganam e raramente têm dúvidas:
"Enquanto eu for viva", não haverá 'eurobonds', assegurou ela em
vésperas da cimeira de Bruxelas.
A insolente afirmação não
surpreende. A UE deixou há muito de funcionar democraticamente e
"construção europeia" tornou-se sinónimo de alargamento e aprofundamento
de uma espécie de "Lebensraum" dos interesses económicos e financeiros
da Alemanha (e, subalternamente, dos da França) em que os restantes
estados membros não contam. O famoso "poder de iniciativa" da Comissão
está reduzido a declarações e tomadas de posição avulsas e sem
consequências, e ao impotente Conselho Europeu não cabe senão ratificar o
que já vem decidido das reuniões bilaterais entre Berlim e Paris que
invariavelmente precedem as reuniões.
Bem podem o escorregadio
Barroso, presidente da Comissão, Mário Draghi do BCE, Van Rompuy do
Conselho e Juncker do Eurogrupo, anunciar planos sobre mutualização das
dívidas soberanas ou sobre a integração bancária. O papel de todos eles
no Conselho Europeu de ontem e hoje é o de Durão Barroso na cimeira dos
Açores que decidiu a invasão do Iraque: ficar na fotografia. No que toca
a decisões, Merkel já decidiu; e mais ou menos do que ela decidiu só
por cima do seu cadáver.
Talvez já seja tempo de concluir que só sem a Alemanha UE e euro sobreviverão.
«JN» de 29 Jun 12Etiquetas: MAP
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home