Sem gastar milhões
Por Manuel António Pina
NUM PAÍS em que tanto se fala em "inovação" e se gastam milhões em programas de estímulo à "inovação", continuando, em geral, a repetir-se apenas velhas receitas, a ideia do "mercado social de arrendamento" ontem formalizada em protocolo entre o Governo e sete bancos dir-se-ia um ovo de Colombo.
Além dos portugueses mais pobres, têm sido as classes médias as principais vítimas das políticas de austeridade (aí está uma velhíssima receita repetida, a da austeridade, que tem dado os resultados que se conhecem, da Alemanha de Weimar à Grécia actual). Ora os bancos estão a braços com um património imobiliário de centenas ou milhares de fogos devolutos, resultante da impossibilidade de muitas famílias continuarem a pagar os empréstimos à habitação. E igualmente o Estado tem prédios devolutos. Porque não colocar todos esses prédios num mercado de arrendamento a preços inferiores aos do mercado livre? Para mais, se experiência semelhante resultou antes em Gaia com o Programa Arco Íris?
Assim, estarão a partir de hoje disponíveis, a rendas inferiores em pelo menos 30% às do mercado, 800 fogos (1000 daqui a mês e meio, 2000 até ao fim do ano), destinados a famílias sem condições de acesso a habitação social. A solução não resolve tudo, mas resolverá decerto alguma coisa. Sem gastar milhões e sem se limitar a repetir, com maquilhagem nova, uma receita velha.
«JN» de 27 Jun 12
NUM PAÍS em que tanto se fala em "inovação" e se gastam milhões em programas de estímulo à "inovação", continuando, em geral, a repetir-se apenas velhas receitas, a ideia do "mercado social de arrendamento" ontem formalizada em protocolo entre o Governo e sete bancos dir-se-ia um ovo de Colombo.
Além dos portugueses mais pobres, têm sido as classes médias as principais vítimas das políticas de austeridade (aí está uma velhíssima receita repetida, a da austeridade, que tem dado os resultados que se conhecem, da Alemanha de Weimar à Grécia actual). Ora os bancos estão a braços com um património imobiliário de centenas ou milhares de fogos devolutos, resultante da impossibilidade de muitas famílias continuarem a pagar os empréstimos à habitação. E igualmente o Estado tem prédios devolutos. Porque não colocar todos esses prédios num mercado de arrendamento a preços inferiores aos do mercado livre? Para mais, se experiência semelhante resultou antes em Gaia com o Programa Arco Íris?
Assim, estarão a partir de hoje disponíveis, a rendas inferiores em pelo menos 30% às do mercado, 800 fogos (1000 daqui a mês e meio, 2000 até ao fim do ano), destinados a famílias sem condições de acesso a habitação social. A solução não resolve tudo, mas resolverá decerto alguma coisa. Sem gastar milhões e sem se limitar a repetir, com maquilhagem nova, uma receita velha.
«JN» de 27 Jun 12
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2 Comments:
Talvez conviesse esclarecer, de uma vez, que o " mercado de arrendamento" tem regras tão distorcidas que um hotel de luxo na zona mais emblemática de Lisboa paga 500 euros por mês de renda e que os proprietários - ao contrário do que se passa, pode-se dizer sem receio de errar, no reso do mundo - não podem pôr fim ao contrato.
Talvez seja altura de deixarmos de brincar com palavras: não há mercado livre de arrendamento em Portugal desde 1915 (sic) e é por isso que Lisboa ( e o resto do país) ameaça ruína.
Talvez conviesse esclarecer, de uma vez, que o " mercado de arrendamento" tem regras tão distorcidas que um hotel de luxo na zona mais emblemática de Lisboa paga 500 euros por mês de renda e que os proprietários - ao contrário do que se passa, pode-se dizer sem receio de errar, no reso do mundo - não podem pôr fim ao contrato.
Talvez seja altura de deixarmos de brincar com palavras: não há mercado livre de arrendamento em Portugal desde 1915 (sic) e é por isso que Lisboa ( e o resto do país) ameaça ruína.
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