Cristiano Ronaldo (2)
Por Ferreira Fernandes
SOBRE a minha crónica, ontem, um leitor gozou-me: "Cristiano, a beato, já!" Ora, o que eu queria fazer, mesmo, era uma hagiografia: "Cristiano Ronaldo, santo subito!" Sei que ele é simples mortal e não escapa à lei da gravidade, mas o facto é que quando ele se ergue nos céus - depois do adversário que subira ao mesmo tempo já ter começado a descer - CR7 paira por um momento incompreensível pelas leis dos homens.
Eu sei que o problema é meu, é impossível ser milagre dele, mas a verdade é que eu vejo. Tal como sei que é humanamente impossível alguém arrancar com as costas arqueadas como uma pantera (enfim, na minha juventude julguei ter visto outro a fazê-lo, mas branco é o primeiro).
O problema é meu mas tenho desculpas. Vítor Gaspar não ajuda nas questões mais terrenas e tenho de me refugiar, como outrora os povos das cavernas nos senhores dos trovões, em mitos, crenças e fintas de Cristiano Ronaldo. Eu sei que é impossível alguém receber a bola no peito, fazê-la passar sobre o ombro e plantar o defesa com esse passe de magia. Mas a verdade é que nos últimos dez dias vi por duas vezes esse prodígio. Ou melhor, julguei ter visto. Como naqueles programas televisivos em que se aconselha as crianças a não tentar fazer o mesmo lá em casa, sinto-me obrigado a dizer aos leitores para não acreditarem lá em casa como eu. Porque o problema é meu e, amanhã, dos espanhóis. Mas esses não me leem e não me sinto obrigado a preveni-los.
«DN» de 26 Jun 12Etiquetas: autor convidado, F.F
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