29.6.12

A tartaruga e o eurodeputado

Por Ferreira Fernandes
O EURODEPUTADO húngaro Csanad Szegedi teve o seu momento de fama em 2009, quando apareceu no Parlamento de Estrasburgo com o uniforme de uma milícia de extrema-direita. Desde aí, lá tirou as botas e a camisa paramilitares, mas continuou vestido com as suas ideias antissemitas. 
Nada demasiado invulgar numa Hungria recentemente abalada pelo escândalo de um laboratório oficial que passa testes de "pureza racial", certificando que "não se encontram vestígios de antepassados judeus" aos cidadãos preocupados com estas coisas. Eis justamente do que não se pode livrar o nosso eurodeputado Szegedi: acabou de saber, disse-o numa entrevista esta semana, que a sua avó Magoldna Klein era judia e sobrevivente do Holocausto... Generoso, o presidente do Jobbik, o partido que elegeu o infausto eurodeputado, já declarou que ele guardará o seu lugar. 
Mas o percalço ancestral de Szegedi faz lembrar o Nobel americano James Watson, um dos pais do ADN. Em 2007, numa entrevista no britânico Sunday Times, disse que os negros eram menos inteligentes. Meses depois, recorrendo ao ADN descoberto por Watson, o jornal publicou um teste que revelava que o cientista tinha 16 por cento de genes de antepassados negros... 
Como diria o outro, isto (e isto, aqui, são os homens) anda tudo ligado. Felizmente para eles, para não acabarem como George, o Solitário, tartaruga dos Galápagos, que por não saber nem poder ligar-se acabou com a sua espécie esta semana.
«DN» de 29 Jun 12

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