Filosoficamente até ganhámos
QUANDO se soube que os penáltis eram no lado Sul, este explodiu em alegria.
Futebol é emoção e quem é melhor servido tem a maior emoção.
E já que
estou com a mão na massa da palavra, lembro que emoção é, pela sua raiz,
movimento, ato de deslocar...
Ontem Portugal começou por ganhar uma
tese: deu cabo, em 90 minutos, do tique-taque, languidez de poeta
romântico. Obrigámos o adversário a mudar de filosofia de jogo e
Iniesta, para falar do melhor deles, deixou de ser tuberculoso afetado e
passou a jogar rasgando como é próprio de quem se ilumina por holofotes
e não por Lua cheia.
Claro que isto de ser professor de filosofia e
jogador de futebol ao mesmo tempo também cansa, chegámos exaustos ao
prolongamento. Aí, os nossos ex-alunos dos 90 minutos precedentes já
foram e, pela primeira vez, superiores. Antes dos penáltis, ao contrário
do que diziam os locutores, não era 0-0, mas 1-1, nós com uma lição
dada e eles com uma lição aprendida. Com os penáltis eu já me estava nas
tintas para a docência e só queria era ganhar de que forma fosse. Pelo
azar de Piqué em chutar relva, por encandeamento de Casillas, por uma
síncope (ligeira) de Ramos, o que quiserem. Não aconteceu. Fiquei tão
irritado, tão triste...
Mas o que é bom com as emoções do futebol é que
elas passam e se repetem. Amanhã, eu atravessarei a rua para dizer ao
Moutinho e ao Bruno Alves que gosto muito deles. Interesseiro, preciso
deles para as minhas emoções.
«DN» de 28 Jun 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home