28.8.12

Poucochinho 'is beautiful'

Por Ferreira Fernandes
É OFICIAL, caminhamos para a pobreza. Ontem, o presidente da Unilever, Jan Zijderveld, declarou ao Financial Times (versão alemã, para ser ainda mais credível) que a "pobreza vai voltar à Europa." 
Zijderveld anunciou o que nos vai calhar: "Na Indonésia vendemos amostras individuais de champô por dois ou três cêntimos e ainda ganhamos dinheiro"... 
O futuro próximo é esse, ir à loja comprar raspas de sabonete Lux, três pingos de Azeite Gallo e uma colherzinha de Maizena, isto para ficar por exemplos de marcas da Unilever. 
Na Grande Depressão, fins de anos 20, as donas de casa alemãs iam ao mercado com cabazes de marcos, eram tempos de inflação galopante. A nossa crise é de outro tipo, mais maneirinha: iremos ao mercado com um dedal, para trazer as compras. 
E porque confio no profeta Zijderveld? Já o disse, é da Unilever, empresa com uma filosofia dialética: os opostos chocando-se fazem avançar. A Unilever nasceu na crise, em 1929, da fusão da holandesa Margarine Unie, empresa de margarinas (que causava nódoas), e da inglesa Lever, de sabonetes (que lavava nódoas) - foi um sucesso, é hoje a terceira potência mundial na venda de bens de consumo. 
O segredo da Unilever foi apostar sempre nos contrários: por exemplo, em abril de 2000, quando comprou os gelados Ben & Jerry's, compensou-os com a compra da Slim Fast, empresa de produtos de emagrecimento. Hoje, compensa o tamanhão da nossa crise com pacotes mais pequenos. 
«DN» de 28 Ago 12

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