31.10.12

Furacão arrasa discurso político

Por Ferreira Fernandes 
COM o furacão Katrina, em 2005, no início do segundo mandato, George W. Bush mostrou-se incapaz de liderar o país num momento de desgraça. Houve tempo para ele ser julgado politicamente pelo descaso com que tratou a Federal Emergency Management Agency (FEMA), a agência nacional que coordena os desastres. 
Nas eleições de 2008, McCain apanhou por tabela pelos erros do seu colega republicano e Obama foi eleito um pouco graças ao Katrina. 
Menos poderoso mas mais oportunista, o furacão Sandy decidiu atacar a uma semana das eleições. Também ele influenciará a votação? O julgamento em tempo tão curto é aleatório, o que é certo é que ambas as campanhas vão servir-se de Sandy. 
O jornal New York Times fez um editorial em que lembra palavras pouco cautelosas, ainda há poucos meses, de Mitt Romney. Perguntado se a coordenação nacional dos desastres, a tal FEMA, deveria ser descentralizada, Romney foi claro: "De cada vez que se passa alguma coisa do governo federal para os estaduais, vai-se na direção certa, e se puder ir-se mais longe e passar para o setor privado, ainda melhor." Quer dizer, ironiza o jornal, "no combate ao furacão Sandy, não só cada estado deveria estar por sua conta, como as empresas privadas fariam melhor o trabalho...". 
O New York Times já declarou o seu apoio a Obama e o seu editorial deve ser lido tendo isso em atenção. Mas nada como um bom furacão para estilhaçar os absurdos do discurso do estado mínimo.
"DN" de 31 Out 12

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