A má imagem que dá dar imagens
Por Ferreira Fernandes
O QUE SÃO imagens brutas? São as feitas numa manifestação de pedradas (ou numa exposição de rosas) e que servem ao jornalista televisivo para, escolhendo umas e afastando outras, contar uma história. O que o público vê é o que o jornalista considerou que devia ser público. As outras imagens, as rejeitadas, são como o meu caderno de apontamentos: leitor, você não tem nada com isso, nem que seja polícia.
Passemos à atualidade.
Alberto da Ponte, ex-administrador da Sociedade Central de Cervejas, é presidente da RTP. Perante a hipótese de imagens brutas terem sido cedidas pela RTP à PSP, ele considerou, bem, que essa cedência tinha "consequências nefastas para a credibilidade e idoneidade na produção informativa da RTP".
Entretanto, Nuno Santos, diretor de Informação da RTP, demitiu-se. Santos disse que ele não dera autorização para a cedência daquelas imagens. E garantiu que "nenhuma imagem saiu das instalações da RTP". Afirmações que não descartam
1) que alguém da sua direção aceitou dar as imagens e que
2) a PSP tenha ido à RTP para as visualizar.
Ora, é de crer que a PSP tenha feito isso: ontem, soube-se que pediu o mesmo à TVI. E a TVI fez o que devia, disse: não.
Um ex-cervejeiro, recém-chegado à RTP, entendeu os deveres dos jornalistas, mas não estou certo que o diretor da RTP que mostrou as imagens à PSP perceba de malte. Certo é que este não soube ser jornalista.
Lamento que a minha profissão perca nessa comparação.
«DN» de 23 Nov 12Etiquetas: autor convidado, F.F
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