29.11.12

A Palestina nas Nações Unidas

Por Joaquim Letria
65 ANOS depois de terem recusado a partilha que a Assembleia Geral das Nações Unidas decretou, os palestinos pediram hoje que a sua Autoridade Nacional fosse promovida de entidade observadora para “Estado observador não membro”, a mesma situação de que desfruta o Vaticano.
Os palestinos contavam com o voto favorável de cerca de 150 nações entre os 193 estados membros, maioria confortável para desespero de Israel, onde a oposição acusa o governo de isolar cada vez mais a nação. Ao contrário do Conselho de Segurança, ninguém pode vetar na Assembleia Geral a petição dos palestinos de verem o seu Estado admitido como membro de pleno direito na ONU.
Para os palestinos, que carecem de condições essenciais dum Estado, a começar pela própria soberania, esta votação é meramente simbólica. Apesar da oposição veemente do governo de Israel e do seu aliado Barack Obama, esta poderia constituir uma das últimas oportunidades para relançar um processo que alcance a paz e a segurança entre os Estados de Israel e da Palestina.
Israel teme que os palestinos possam denunciá-los, face à justiça internacional, pela violação de direitos na ocupação e em certas acções militares, além de poder ser remetida para as fronteiras de 1967, as quais hoje recusa aceitar. O presidente da autoridade palestina, Mahmud Abbas, declarou-se receptivo a negociações sem condições prévias, o que torna ainda mais condenável que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Liebermann, tenha ameaçado derrubá-lo das suas funções perante um voto positivo, ao mesmo tempo que Obama ameaça suspender as ajudas aos palestinos, face àquilo que mais não é do que um avanço no sentido da paz no Médio Oriente.
Um dos erros que Israel cometeu foi não ter percebido que Arafat – cujo cadáver foi exumado ontem – havia sido o travão da islamização do caso da Palestina, agora representado pelo Hamas. Hoje, a demografia palestina não garante a segurança de Israel, como se viu nos últimos dias em mais esta crise com o Hamas, em Gaza. 
Bom seria que este mês de Novembro marcasse o fim do caminho de violência e morte traçado desde 1947, de modo a que a História pudesse regressar ao ponto de partida que um grave equívoco dos palestinos e do mundo árabe daquela época, mais a intransigência insuportável de Israel bloquearam por completo até aos nossos tempos.

Etiquetas: