A Palestina nas Nações Unidas
Por Joaquim Letria
65 ANOS depois de terem recusado a
partilha que a Assembleia Geral das Nações Unidas decretou, os
palestinos pediram hoje que a sua Autoridade Nacional fosse promovida de
entidade observadora para “Estado observador não membro”, a mesma
situação de que desfruta o Vaticano.
Os palestinos contavam com o voto favorável
de cerca de 150 nações entre os 193 estados membros, maioria confortável
para desespero de Israel, onde a oposição acusa o governo de isolar
cada vez mais a nação. Ao contrário do Conselho de Segurança, ninguém
pode vetar na Assembleia Geral a petição dos palestinos de verem o seu
Estado admitido como membro de pleno direito na ONU.
Para os palestinos, que carecem de condições
essenciais dum Estado, a começar pela própria soberania, esta votação é
meramente simbólica. Apesar da oposição veemente do governo de Israel e
do seu aliado Barack Obama, esta poderia constituir uma das últimas
oportunidades para relançar um processo que alcance a paz e a segurança
entre os Estados de Israel e da Palestina.
Israel teme que os palestinos possam
denunciá-los, face à justiça internacional, pela violação de direitos na
ocupação e em certas acções militares, além de poder ser remetida para
as fronteiras de 1967, as quais hoje recusa aceitar. O presidente da
autoridade palestina, Mahmud Abbas, declarou-se receptivo a negociações
sem condições prévias, o que torna ainda mais condenável que o ministro
dos Negócios Estrangeiros de Israel, Liebermann, tenha ameaçado
derrubá-lo das suas funções perante um voto positivo, ao mesmo tempo que
Obama ameaça suspender as ajudas aos palestinos, face àquilo que mais
não é do que um avanço no sentido da paz no Médio Oriente.
Um dos erros que Israel cometeu foi não ter
percebido que Arafat – cujo cadáver foi exumado ontem – havia sido o
travão da islamização do caso da Palestina, agora representado pelo
Hamas. Hoje, a demografia palestina não garante a segurança de Israel,
como se viu nos últimos dias em mais esta crise com o Hamas, em Gaza.
Bom seria que este mês de Novembro marcasse o
fim do caminho de violência e morte traçado desde 1947, de modo a que a
História pudesse regressar ao ponto de partida que um grave equívoco
dos palestinos e do mundo árabe daquela época, mais a intransigência
insuportável de Israel bloquearam por completo até aos nossos tempos.
Etiquetas: JL
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home