Esta, aquela e a outra
Por Helena Matos
DE REPENTE, o antigamente denominado pronome demonstrativo esta entrou na agenda política. Os emissores (quando o Valete encontrar o Chomsky no tal túnel há-de perguntar-lhe se esta é a formulação mais correcta) pronunciam esta com particular ênfase: declaram esta política, às vezes também esta Europa, e depois concluem falhou. Esta teogonia (ou mais correctamente mistério da fé) tem como dogma o esta.
Os crentes do esta política vivem na convicção profunda que Passos Coelho é o único político do mundo que se obstina em não experimentar aquela política de crescimento que nos poucos segundos em que deixam de dizer esta, esta apresentam como a solução para os nossos males e que, vá lá saber-se porquê, quiçá por tara, perfídia ou obediência ao 4.º segredo de Fátima, Passos não aplica em Portugal.
Basta dizer esta, naquele tom similar ao eu acredito, para que o emissor-prosélito fique revestido de aura de santidade e sobretudo dispensado de explicar o que defende em alternativa ao esta.
Tendo tido nós anos e anos daquela, e acabando a falhar como falhámos - o pedido de ajuda externa foi feito sob risco do país falir -, o que defendem os fiéis do esta política falhou? Defendem aquela que tinha tanta mensagem, tanta visão, tanta sensibilidade, tanta modernidade e que nos trouxe à falência? Ou defendem outra?
O interessante nos pronomes é que eles estão em vez de nomes. Logo, é altura de se começar a dizer o nome que está atrás dos pronomes. Assim fica tudo mais claro.
Blasfemias.Net de 29 Nov 12 Os crentes do esta política vivem na convicção profunda que Passos Coelho é o único político do mundo que se obstina em não experimentar aquela política de crescimento que nos poucos segundos em que deixam de dizer esta, esta apresentam como a solução para os nossos males e que, vá lá saber-se porquê, quiçá por tara, perfídia ou obediência ao 4.º segredo de Fátima, Passos não aplica em Portugal.
Basta dizer esta, naquele tom similar ao eu acredito, para que o emissor-prosélito fique revestido de aura de santidade e sobretudo dispensado de explicar o que defende em alternativa ao esta.
Tendo tido nós anos e anos daquela, e acabando a falhar como falhámos - o pedido de ajuda externa foi feito sob risco do país falir -, o que defendem os fiéis do esta política falhou? Defendem aquela que tinha tanta mensagem, tanta visão, tanta sensibilidade, tanta modernidade e que nos trouxe à falência? Ou defendem outra?
O interessante nos pronomes é que eles estão em vez de nomes. Logo, é altura de se começar a dizer o nome que está atrás dos pronomes. Assim fica tudo mais claro.
Etiquetas: autora convidada, HM
4 Comments:
Os pronomes inventaram-se para facilitar a conversação!
Mas há pessoas para quem tudo é complicação ...
Atenção que o uso é que faz o «esta».
Ora é pronome, ora determinante.
Cuidado com isso, Jarra!
Mas do que é que esta está a falar?
pergunto eu, que não mor neste bairro.
O que é que "esta" quer?
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