19.11.12

Ventos, casamentos, negócios e assim

Por Ferreira Fernandes
NÃO sei se é verdade, como se diz, que os povos felizes não têm história, mas posso garantir-vos que os povos endividados não veem mais longe que o nariz. Daí que assoberbados com a gravíssima taxa de IVA para os restaurantes vamos passar uma semana sem ligar ao que provavelmente nos vai marcar mais do que o fecho de algumas boas tascas. Daqui a 50 anos, já O Cantinho do Toino, em Freamunde, voltou a abrir, mas, por causa do próximo domingo, já o país ao lado terá o mapa irreconhecível. 
A 25 de novembro, os catalães vão às urnas e devem dar a maioria clara aos independentistas. Artur Mas, o atual presidente regional, e o seu partido CiU vão voltar a ser os mais votados, talvez não tenham a maioria absoluta, mas conseguem-na para exigir um referendo independentista. O Parlamento catalão (135 lugares) terá perto de cem deputados pró-referendo e cerca de 25 contra... A CiU, de direita, talvez tenha de negociar mais do que pensava com as alas esquerdistas do independentismo, mas o processo será irreversível. 
E o que temos a ver com isso? Pergunta mal formulada. O que podemos fazer, sim, é nada; a ver, a estar atentos, muito. Olhem, por estes dias, Madrid, no que julga ser legítima defesa, pôs-se a lançar calúnias contra os líderes catalães. Só mostra que a Espanha sabe que vai sair ferida deste confronto - e isso significa que vamos ter uma incógnita como vizinha. E com as incógnitas exige-se prudência. 
«DN» de 19 Nov 12

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