2012, o ano que não aconteceu
Por Ferreira Fernandes
OS BALANÇOS que os jornais fazem no fim dos anos são marcados por uma
presunção: a de ter havido coisas notáveis nos doze meses passados.
Positivas ou negativas, mas notáveis. Mas como os balanços são sempre
feitos, haverá anos em que os jornais devem deixar os leitores
intrigados: a sério, eu vivi mesmo isto?! Receio que 2012 seja um ano
desses. Bom, não foi, estamos todos de acordo. E por mau que tenha sido,
já saímos dele com saudades, pois para o ano será pior, como já fomos
prevenidos e já estamos convencidos. Por isso o balanço correto num ano
como o que acabámos de viver seria com uma manchete assim: "Factos sem
interesse que marcaram 2012!" E seguiam-se as irrelevâncias que nunca
nos faltaram ao longo do ano. Por exemplo, aquela TSU proposta pelo
Governo, que motivou tantos prós e contras. Marcou 2012? Oh, se marcou! E
quê dela? Desapareceu de morte desfalecida.
É dessas irrelevâncias que
eu vos estava a falar. 2012 é o ano, lembrem-se, em que se deu o Nobel
da Paz à União Europeia! É, este foi um ano que não merecia nobéis, mas
só daquelas paródias, os prémios Ig Nobel, que distinguem as invenções
sem interesse nenhum.
Há dias escrevi sobre o balanço de um povo feliz,
os brasileiros em 1958, a que um cronista chamou "o ano que não devia
terminar". Querem o balanço certo para 2012? O ano que não aconteceu.
Com Passos Coelho, chefe do Governo, e Seguro, líder da oposição, era de
prever, não?
«DN» de 31 Dez 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Ai aconteceu aconteceu, caro Ferreira Fernandes.
E era de prever, como diz.
E vai acontecer mais, muito mais, infelizmente.
Aposto (e gostava de perder...)
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