31.12.12

2012, o ano que não aconteceu

Por Ferreira Fernandes
OS BALANÇOS que os jornais fazem no fim dos anos são marcados por uma presunção: a de ter havido coisas notáveis nos doze meses passados. Positivas ou negativas, mas notáveis. Mas como os balanços são sempre feitos, haverá anos em que os jornais devem deixar os leitores intrigados: a sério, eu vivi mesmo isto?! Receio que 2012 seja um ano desses. Bom, não foi, estamos todos de acordo. E por mau que tenha sido, já saímos dele com saudades, pois para o ano será pior, como já fomos prevenidos e já estamos convencidos. Por isso o balanço correto num ano como o que acabámos de viver seria com uma manchete assim: "Factos sem interesse que marcaram 2012!" E seguiam-se as irrelevâncias que nunca nos faltaram ao longo do ano. Por exemplo, aquela TSU proposta pelo Governo, que motivou tantos prós e contras. Marcou 2012? Oh, se marcou! E quê dela? Desapareceu de morte desfalecida. 
É dessas irrelevâncias que eu vos estava a falar. 2012 é o ano, lembrem-se, em que se deu o Nobel da Paz à União Europeia! É, este foi um ano que não merecia nobéis, mas só daquelas paródias, os prémios Ig Nobel, que distinguem as invenções sem interesse nenhum. 
Há dias escrevi sobre o balanço de um povo feliz, os brasileiros em 1958, a que um cronista chamou "o ano que não devia terminar". Querem o balanço certo para 2012? O ano que não aconteceu. Com Passos Coelho, chefe do Governo, e Seguro, líder da oposição, era de prever, não?
«DN» de 31 Dez 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Ai aconteceu aconteceu, caro Ferreira Fernandes.
E era de prever, como diz.
E vai acontecer mais, muito mais, infelizmente.
Aposto (e gostava de perder...)

31 de dezembro de 2012 às 10:10  

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