O nosso velho e repetido crime
VULTO aos que sopraram aos jornais o nome de Medina Carreira no caso
Monte Branco.
Ontem, o juiz Rui Rangel dizia que só "número muito
limitado de pessoas" podia tê-lo feito, e exigia inquérito. Atendendo à
pouca gente suspeita, vamos então saber quem é que tornou público
segredos judiciais a que nem mesmo os advogados ainda tiveram acesso. Se
estão em segredo é para permitir que o processo chegue a uma
fundamentada acusação, certo? Logo, quem o tornou público antes do tempo
é porque quer sabotar o trabalho do grupo de investigadores - um
traidor aos colegas. É, pois, de esperar um zelo especial da justiça na
caça ao soprador.
E neste caso concreto, o de Medina Carreira, até dou
uma pista provável: o soprador é burro. Porquê? Porque o nome de "Medina
Carreira" no livro apanhado pelos investigadores era código e não
correspondia ao conhecido economista. Logo, divulgar que houve buscas à
casa do autêntico Medina Carreira mostra que tresleram uma pista.
Desconsidera toda a investigação e acaba por salpicar profissionalmente
também o soprador. Soprando, o soprador ofendeu-se a si próprio.
Mas
isto é só provável, não certo. Também pode acontecer que haja quem sopre
por deformação profissional. Há quem pense que as investigações
judiciais não são para fazer justiça, mas para mostrar força e ganhar
poder. Assim, soprar (verdadeiro ou falso, não interessa), soprar é só
um aviso de chantagista: cortem-nos as regalias e vão ver...
«DN» de 10 Dez 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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