10.12.12

O nosso velho e repetido crime

Por Ferreira Fernandes
VULTO aos que sopraram aos jornais o nome de Medina Carreira no caso Monte Branco. 
Ontem, o juiz Rui Rangel dizia que só "número muito limitado de pessoas" podia tê-lo feito, e exigia inquérito. Atendendo à pouca gente suspeita, vamos então saber quem é que tornou público segredos judiciais a que nem mesmo os advogados ainda tiveram acesso. Se estão em segredo é para permitir que o processo chegue a uma fundamentada acusação, certo? Logo, quem o tornou público antes do tempo é porque quer sabotar o trabalho do grupo de investigadores - um traidor aos colegas. É, pois, de esperar um zelo especial da justiça na caça ao soprador. 
E neste caso concreto, o de Medina Carreira, até dou uma pista provável: o soprador é burro. Porquê? Porque o nome de "Medina Carreira" no livro apanhado pelos investigadores era código e não correspondia ao conhecido economista. Logo, divulgar que houve buscas à casa do autêntico Medina Carreira mostra que tresleram uma pista. Desconsidera toda a investigação e acaba por salpicar profissionalmente também o soprador. Soprando, o soprador ofendeu-se a si próprio. 
Mas isto é só provável, não certo. Também pode acontecer que haja quem sopre por deformação profissional. Há quem pense que as investigações judiciais não são para fazer justiça, mas para mostrar força e ganhar poder. Assim, soprar (verdadeiro ou falso, não interessa), soprar é só um aviso de chantagista: cortem-nos as regalias e vão ver... 
«DN» de 10 Dez 12

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