10.1.13

Não há um FMI para cães perigosos?

Por Ferreira Fernandes
ONTEM, o País acordou com uma receita do FMI. Não são sinapismos, é a doer... Não trago para aqui a minha opinião, irrelevante, sobre a justeza das medidas. Mas quero dar a minha opinião, óbvia, sobre as consequências de tais medidas: elas vão ferir milhões de pessoas e colocar centenas de milhares de outras sem saída, perdidas. Lembro a opinião óbvia para pôr uma pergunta: como é possível um Estado fazer tanto mal aos seus? O que tem uma resposta pertinente (não digo que caucione a justeza das medidas mas justifica a hipótese de estas serem consideradas): o Estado pode vir a fazer aquilo porque tem de fazer. E o ter de ser tem muita força. 
Ora até aqui esta crónica é mero introito, é para mostrar que o Estado quando pensa que tem de fazer uma coisa, faz. Mesmo que cause um cataclismo social. 
Introito feito, passemos a coisa pequena: e os cães perigosos? Estes têm de acabar nas ruas e sítios públicos, nos bairros populares e nos condomínios, nos apartamentos dos avós pobres e imbecis e nas vivendas dos avós ricos e imbecis. Os cães perigosos (há lista oficial), para os zoos, e só! Então, a minha questão é: o Estado, porque tem a justificação do ter de ser, arranja coragem para fazer tanto mal aos seus, e, com a mesma justificação de ter de ser, não consegue acabar com os cães perigosos? O quê, as vítimas dos cães perigosos não são magna justificação? Olhem outra vez para a cara do Dinis, 18 meses, a mais recente vítima. 
«DN» de 10 Jan 13

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