8.1.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
A MAIOR – e mais determinante – incógnita política deste ano de 2013 não é saber-se se Portugal vai mesmo regressar aos mercados em Setembro, qual a dimensão da inevitável hecatombe autárquica do PSD nas eleições de Outubro ou se Vítor Gaspar conseguirá chegar ao final de Dezembro com um défice de 4,5% do PIB. A mais importante – e mais decisiva – das dúvidas que ensombram politicamente este novo ano é saber se Paulo Portas e o CDS resistem à tentação de se porem de fora e fazerem cair o Governo. O Presidente da República bem pode alertar, como fez esta semana na sua mensagem de Ano Novo, que «o país não está em condições de se permitir juntar uma grave crise política à crise económica, financeira e social em que está mergulhado». Pela parte de Belém, já se percebeu que não haverá crise política e que Cavaco Silva não dará ouvidos aos cantos de sereia que lhe pedem governos do bloco central ou de iniciativa presidencial. Mas há factores e elementos que escapam ao controlo político do Presidente. Como a vertigem partidária de Paulo Portas e do CDS em se demarcarem tanto do PSD, de Passos Coelho e de Vítor Gaspar, de esticarem tanto a corda da coligação que se arriscam a parti-la. O CDS tem estado por sistema com um pé no Governo e outro na Oposição – como se viu na crise da TSU, na carta de Portas aos militantes a rejeitar mais impostos ou nas discussões do OE com Vítor Gaspar. Agora, já o líder parlamentar Nuno Magalhães torpedeia a unidade da coligação com as indemnizações de 12 dias nos despedimentos. E, em breve, ouviremos as divergências de conhecidos snipers centristas como Pires de Lima, João Almeida ou Nuno Melo, sobre o modelo de privatização da RTP, o programa de cortes de 4 mil milhões na despesa do Estado ou os resultados da execução orçamental. A corda continuará a ser esticada. É por isso que, para Passos Coelho, o desafio do regresso de Portugal aos mercados em Setembro ou a amplitude da derrota autárquica do PSD em Outubro são questões políticas secundárias. Se lá chegar ainda como primeiro-ministro isso significará que ultrapassou o maior perigo do seu Governo: a sempre iminente ruptura do CDS. 
«SOL» de 4 Jan 13

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