Por favor, Seguro, não me surpreenda
Por Ferreira Fernandes
SEGURO
disse: "Irei surpreender os portugueses com futuro Governo." Eu
preferia não ficar surpreendido. Já chega de estranhar sobre como, por
cá, é possível chegar a primeiro-ministro ou candidato a
primeiro-ministro. Das próximas vezes preferia não estranhar e passar
logo à fase de entranhar políticos capazes. Eficazes e sem conversa mole
em entrevistas. Que não chamem "laboratório de ideias" àquilo de pensar
como vão governar, nem "viveiro" ao lugar onde vão buscar os potenciais
governantes. Não os quero enxertados, só bons políticos. E era
simplesmente assim que gostava que eles me fossem apresentados por quem
se farta de dizer "deixe-me dizer-lhe com muita clareza."
Mas
houve um momento da entrevista de Seguro de que gostei. Ele recordou
que haver crise política ou não "depende do dr. Pedro Passos Coelho e do
dr. Paulo Portas porque eles dispõem de maioria absoluta."Boa malha!
São coisas assim, simples, não surpreendentes, que quero na vida
política: com muita clareza (não dita, mas aplicada), mostrar
contradições dos adversários. Depois, Seguro disse que a crise política
começou quando Portas disse publicamente: "Se me perguntarem se eu sabia
das medidas da TSU, eu respondo que não..." Ora, o que Portas disse, na
altura, foi: "Se me perguntarem se eu soube [da TSU], claro que soube."
Está a ver, Seguro, as surpresas que eu não quero? Um candidato a
primeiro-ministro, citando mal, a estragar um seu bom argumento...
«DN» de 21 Jan 13
Etiquetas: autor convidado, F.F
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