Deslocalizem-se as mamas para agosto
Por Ferreira Fernandes
A TEMPESTADE de janeiro custou 15 milhões à EDP. A tempestade de fevereiro custou menos aos corsos de Carnaval, mas fizeram um rombo no prestígio da inteligência portuguesa. A tempestade de janeiro pode voltar para o ano mas, paciência, os postes vão ter de a aguentar porque os portugueses precisam de eletricidade todo o ano, todos os anos. Já o Carnaval - leia-se: carros alegóricos e pernas ao léu - precisa mesmo de ser feito no mês em que cada vez mais se podem prever dias frios e chuvosos? Ontem, suspenderam-se as festas em Loures, Sesimbra, Ovar, Mealhada, Samora Correia... Centenas de milhares de euros encharcados. Ontem, Carnaval a sério só mesmo nos minutos finais no estádio da Choupana. É certo que aquilo pretendia ser um jogo de futebol (Nacional-Benfica), mas acabou por confirmar a ideia de que, em Portugal, Carnaval no Inverno só no Funchal. O que irrita nisto - pôr peitos generosos a desfilar contra rajadas de vento - é que neste assunto nem podemos apontar o suspeito do costume: não, a culpa não é do Governo. É das câmaras míopes e do povo estúpido. Além de antigos avisos (em fevereiro e março, faz frio desde a fundação da nacionalidade) não souberam ler a novidade que até vem escrita em linguagem carnavalesca: o aquecimento global está a pôr os nossos invernos mais rigorosos.
Não é preciso encomendar um estudo ao ICSTE, basta escutar um sem-abrigo: em fevereiro, nu, nas ruas, não dá.
«DN» de 11 Fev 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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