Triunfo dos porcos? Não, das galinhas!
Por Ferreira Fernandes
A REVOLUÇÃO Francesa e o Steve Jobs mudaram tudo. Uma deu-nos a ideia de que todos somos iguais e livres e fraternos e o outro deu-nos uma coisa maneirinha que filma à volta e logo envia para o mundo - e tudo isso é bom. A parte má é quando nesse encontro histórico, dos filhos de Saint-Just com o iPhone, os fusíveis se baralham. Acontece, p. ex., quando um camião com porcos se despista na autoestrada, engarrafa-se o trânsito, aparece a GNR e boceja-se nos autocarros. Desde que se inventou a roda, esta é uma cena banal. O novo é que todas as galinhas, não se veja género nisto, é mais um estado de alma, têm hoje um iPhone, peça irrequieta quando, da janela de um autocarro, se vê um porco a prevaricar (ia em sentido contrário ao indicado no Código da Estrada), com um militar da GNR atrás.
Temos, pois, o iPhone apontado. Eis que o porco inverte o trajeto e, assinale-se, já como cidadão exemplar, leva da autoridade um pontapé no cachaço.
Os fusíveis baralhados tendo estendido ao porco direitos que eram inicialmente para os sans-culottes, cria-se um escândalo nacional. E logo o Comando da GNR condena "com veemência" o ato de pôr o porco na berma e o militar, talvez por não ter lido antes os direitos ao suíno cidadão, pode ficar sem quatro salários.
Há quem diga que isto é o triunfo dos porcos. Não é, os pobres acabam sempre assados ou cozidos. O triunfo é das galinhas, essas, sim, que já puseram em sentido o Comando da GNR.
«DN» de 5 Fev 13Etiquetas: autor convidado, F.F
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